Vereadores reiteram caráter ditatorial e de perseguição política da administração de Athos Avelino e defendem o direito de liberdade de expressão da imprensa, sem que os seus profissionais sofram retaliação pelas críticas aos governos que não correspondem às necessidades do povo
Eduardo Brasil
Repórter
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Os vereadores Guila Ramos – PL, Ruy Muniz – PFL, Fátima Pereira (sem partido), e Athos Mameluque – PMDB usaram a tribuna da câmara municipal de Montes Claros, na reunião de ontem, para criticar o processo ditatorial e de perseguição política que caracterizaria a administração do prefeito Athos Avelino – PPS.
Os parlamentares usaram como exemplo, para ilustrar a acusação, a recente demissão do advogado Durval Guimarães, dos quadros do Procon municipal, onde atuava há dez anos, numa medida que teria atendido a retaliação do executivo pelas críticas que sua administração receberia na imprensa através do jornalista Edmilson Guimarães, filho do profissional da defensoria pública.
- Deixo aqui o meu repúdio à perseguição política que Athos Avelino impôs na prefeitura. Demitir um profissional da qualidade de Durval Guimarães, por não admitir que o filho dele critique seu desgoverno mostra que a perseguição do prefeito é clara: passou a ser feita à luz do dia – ressaltou Ruy Muniz, acrescentando que o prefeito estaria ressuscitando um tempo que passou.
- O da ditadura.
O vereador, diplomado deputado estadual na última segunda-feira, levantou, em seguida, suspeitas sobre a idoneidade da pregação eleitoral de Athos Avelino a respeito de seu caráter como cidadão e homem público na campanha de 2004.
- O senhor é mesmo cristão, doutor Athos? É um homem justo? Que não mente? Que é sincero? Ou é tudo mentira?
HAJA CADEIA
Para a vereadora Fátima Pereira, o recente episódio se somaria a outros do mesmo gênero e que estariam sendo protagonizados pelo prefeito municipal, aludindo a procedimentos arbitrários do chefe do executivo de Montes Claros.
- A ditadura é tanta que quem não concorda com o prefeito, acaba na cadeia – disse ela, referindo-se a incidente que teve lugar há duas semanas, em que um cidadão teria sido algemado e conduzido à prisão por ter atribuído à autoridade máxima do município a pecha de prefeitozinho de um dia só, momentos antes de ter início sessão solene na câmara municipal.
- Se for assim, haja cadeia para prender tanta gente que tem a mesma opinião do cidadão algemado e detido pela polícia. Haja cadeia para quem não concorda com o prefeito.
O vereador Guila Ramos, embora mais comedido nas suas palavras, também mostrou sua decepção com a medida do chefe do executivo.
- Não concordamos e é por isso que fazemos essa colocação – disse, após lamentar a demissão do advogado pelos motivos que foram tornados públicos.
Já o vereador Athos Mameluque fez um apelo aos jornalistas, no sentido de que não se abalem com a retaliação que a categoria sofreu do prefeito, tendo como alvo o jornalista de O Norte.
- Continuem firmes, jornalistas – disse ele, citando cada um dos repórteres que cobriam a sessão legislativa desta terça-feira.
- Não vendam a sua alma. Falem a verdade.