Entidades norte-mineiras falam sobre a importância de se eleger candidatos da terra (Montagem/Divulgação)
As eleições do próximo mês de outubro serão uma das mais acirradas dos últimos anos. Além das polarizações políticas, teremos também eleitores mais conscientes dos seus votos - e de como eles podem influenciar toda uma região. Para este ano, Minas Gerais registrou 1.071 candidatos a deputado federal e 1.382 a estadual. Personalidades políticas que trazem inúmeros benefícios e emendas parlamentares que podem resolver problemas, como os gerados pela estiagem no Norte de Minas Gerais.
Em continuidade à série de reportagens sobre as questões políticas que afetam diretamente a vida do povo sertanejo no Norte de Minas, O NORTE conversou com alguns representantes de importantes entidades, como a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montes Claros (ACI), Associação dos Municípios da Área Mineira de Sudene (Amams), Câmara da Mulher Empreendedora, Câmara de Dirigentes Lojistas de Montes Claros Geral (CDL) e o Sindicato Rural de Montes Claros.
Responsável por representar mais de 500 empresas de pequeno, médio e grande porte, de diversos segmentos, o presidente da ACI, Leonardo Vasconcelos, acredita que a falta de lideranças regionais causa danos.
“Na última eleição, tivemos 400 candidatos que não são da região e que receberam votos aqui. A pulverização dos votos representa um enorme prejuízo para o desenvolvimento da terra, pois uma bancada menor significa menos gente trabalhando para a nossa cidade e região”, diz.
Amams é a entidade responsável por representar as prefeituras das cidades do Polígono da Seca (AMAMS/Divulgação)
Criada em 1977 e responsável por representar os municípios da área do Polígono da Seca, a Amams participa diretamente de algumas decisões políticas que vão interferir na vida da população representada pela entidade. O atual presidente da Amams e prefeito da cidade de Padre Carvalho, José Nilson Bispo Sá, é taxativo sobre o assunto e afirma “a gente tem que eleger candidatos da terra, porque eles são mais acessíveis e conhecem os problemas da região. Geralmente, os de fora pegam os votos e somem. Precisamos votar em quem conhece a região, as nossas deficiências. Nosso povo precisa ficar mais esperto nesse sentido e não votar em paraquedista: que vem, leva o voto e nunca faz nada para a região”, reclama.
O representante da CDL, Ernandes Ferreira, associação civil sem fins lucrativos criada na década de 1970 e responsável por representar a categoria econômica do comércio, concorda com o presidente da AMAMS sobre os candidatos locais entenderem melhor os problemas regionais, e reforça “Temos condições de eleger mais candidatos. Atualmente, temos apenas dois eleitos do Norte de Minas (deputados federais), mas precisamos aumentar esse número” afirma.
“Precisamos ter, não somente ‘filhos da terra’, mas pessoas comprometidas com o Norte de Minas. Pessoas que querem o crescimento e a evolução da região. Então, que a gente possa fazer uma campanha voltada para o Norte, voltada para as pessoas daqui. Precisamos tirar isso da mão dos paraquedistas, que compram votos e que não tem nenhum compromisso com o povo da nossa terra”, explica o presidente do Sindicato Rural de MOC, José Avelino Pereira Neto, responsável por representar também, por extensão de base, os municípios Glaucilândia, Juramento, Lontra, Mirabela, Patis, Varzelândia, Claro dos Poções e Capitão Enéas.
Para exemplificar a importância do voto em candidatos regionais e como isso impacta a vida das pessoas, a presidente da Câmara da Mulher Empreendedora, a jornalista e empresária, Ariane Galdino, usa a metáfora do comércio: “Quando falamos ‘vamos apoiar o comércio local’, ‘vamos apoiar os empresários daqui’, estamos falando sobre o faturamento e o compartilhamento do consumo, ou seja, o dinheiro fica em nossa região, fortalece a nossa localidade. Quando você vota em alguém da sua região, a ideia é que essa pessoa traga propostas para sua terra. Se eu voto em alguém de Belo Horizonte, por exemplo, ele não vai trazer recurso para cá. Temos pautas peculiares que somente os filhos da terra compreendem”, pondera a presidente.
Nas eleições desse ano, Minas Gerais conta com 67% de candidaturas masculinas e apenas 33% de femininas. Sobre o binômio gênero-sexualidade, Galdino avalia que mulheres, sejam elas cisgênero, transgênero, hétero ou homossexuais, precisam de maior representatividade. “Essa representação precisa ser maior em todas as instâncias, sejam elas municipais, estaduais ou federais. Da mesma forma que o filho da terra vai trazer um projeto bacana, assim é o caso das mulheres. As pautas vão se voltar para onde elas devem ser voltadas: para as minorias. Eu apoio em votar em candidatas mulheres e também LGBTQIA+”, completa.