Neumar Rodrigues
Repórter
Numa conversa com o deputado estadual Ruy Muniz sobre sucessão presidencial, acabei recebendo uma verdadeira aula sobre estratégias. Segundo o parlamentar a decisão do governador Aécio Neves — de retirar o seu nome como pré-candidato do PSDB à Presidência da República em 2010 — pode ser avaliada com mais profundidade: “Com maturidade política, Aécio assumiu a condição de unificador do seu partido. Está na Bíblia Sagrada que “a casa dividida é fácil de ser tomada”. Embora alguns adversários se esforcem para que “José Serra assuma logo sua candidatura”, ele já é inegavelmente o candidato das oposições à presidência em 2010. O fato de não oficializar a candidatura sinaliza respeito à lei eleitoral e também preserva Serra de exposição antecipada às críticas. Afinal um candidato com 40% de intenções de votos nas pesquisas de opinião sabe que é preciso muito cuidado” observa Ruy Muniz.
Aécio Neves informou que “vai dedicar-se a Minas Gerais”, que será candidato ao Senado da República e que aplicará tempo e energia na tarefa de mostrar aos mineiros a importância de eleger como seu sucessor o vice-governador Antonio Anastasia. Alguns analistas defendem que Serra não será candidato a presidente, pois tem reeleição certa para o governo do estado de São Paulo, e “não trocaria o certo pelo duvidoso”. Não concordo, mas se fosse esse o caso, Aécio seria a alternativa quase única. Se ocorrer a desistência de Serra, Aécio será convocado para ser candidato do PSDB, o que avaliaria na ocasião, para aceitar ou não. Essa possibilidade remota equivaleria a um terremoto de consequências fenomenais na eleição presidencial brasileira.
A outra opção de Aécio, que ele descartou, mas que permanece viva, é a sua candidatura a vice-presidente compondo chapa puro-sangue com Serra. Pela falta de quadros e pelo desgaste de aliados, Ruy Muniz está convencido de que é uma possibilidade real que envolve dois riscos objetivos. O primeiro risco é o insucesso eleitoral, que pode ocorrer, pois é da essência da disputa. Nesse caso, a coligação liderada pelo PT teria “matado dois coelhos com uma cajadada só”. Seria final de carreira para José Serra. Aécio, por ser jovem, passaria por um período de recolhimento. O segundo risco da chapa puro-sangue do PSDB com a vitória em 2010 será enfrentar uma mais que provável candidatura de Lula em 2014. Aparentemente falta muito tempo, mas é alternativa viável, já que Dilma Rousseff é a melhor candidata para os projetos do atual presidente, caso vença, e principalmente se for derrotada. Na opinião do pré-candidato a deputado federal, Ruy Muniz, a chapa Serra-Aécio tem imenso potencial vencedor, e nesse caso teria quatro anos de mandato para mostrar competência no governo.
Para finalizar, a alternativa anunciada por Aécio Neves — de pleitear uma vaga para o Senado e colocar seu prestígio para ajudar decisivamente nas eleições de Antonio Anastasia para governador e José Serra para presidente — tem grande margem de segurança. Ao analisar a questão, o líder do DEM na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Ruy Muniz, disse que “a virtual eleição de Aécio como senador garantirá espaço nobre na política nacional por oito anos, seja eleito presidente José Serra ou Dilma Rousseff. O atual Senado da República diminuído pela ação de suas principais figuras terá um jovem senador, Aécio Neves, preparado e pronto para auxiliar na recuperação do hoje notável baixo conceito da “Câmara Alta”. Finalmente, em conjunto com a vitória para o Senado e o eventual e possível sucesso de Antonio Anastasia para o governo de Minas, Aécio Neves garantiria uma sólida base política e de poder para cumprir o seu destino de ocupar função mais alta, oportunamente”, concluiu o parlamentar mineiro.