Ruy Muniz - Presente e futuro

Jornal O Norte
30/12/2006 às 14:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:47

Eleito em 2004 como o vereador mais bem votado da história política de Montes Claros, impedido de legislar em 2005 e finalmente empossado no cargo em 2006, Ruy Muniz está deixando a câmara municipal de Montes Claros para assumir sua cadeira na assembléia legislativa de Minas Gerais, em fevereiro.

O vereador ganhou destaque pelas posições que tomou em defesa do povo mais carente, nas críticas à administração Athos Avelino, que ele considera decepcionante e, sobretudo, pelas ações sociais que empreendeu, incluindo a construção e doação de casas a famílias carentes, utilizando recursos de seus vencimentos parlamentares.

Em entrevista ao repórter Eduardo Brasil, o deputado eleito fala de sua passagem pela câmara municipal, da ida para o parlamento estadual, e sobre os planos que guarda para o futuro, entre eles sua candidatura para prefeito de Montes Claros.




(Fotos: Wilson Medeiros)



Jornal O Norte de Minas - Qual a avaliação que o senhor faz da sua passagem, curta, pelo legislativo municipal?


Ruy Muniz - Foi uma passagem com muito aprendizado e também com um pouco de desencanto. Tenho certeza de que dei a minha contribuição ao povo de Montes Claros. Fui um vereador que denunciou a corrupção, a falta de transparência por parte da administração municipal, sua ineficiência, um vereador que propôs e realizou ações sociais importantes, que a própria prefeitura não realizou. Penso que a minha passagem foi válida.

ON - Como membro da bancada de oposição, vários de seus projetos, no entanto, foram rejeitados pelo legislativo, que o senhor afirma, teria, nessas ocasiões, atendido a interesses do prefeito.


Ruy - Nós precisamos avançar no processo democrático. Tomei como uma vergonha o fato de onze vereadores votarem cegamente aprovando o que o prefeito determina. Esse foi um dos desencantos. O método impediu que bons projetos, que pudessem ajudar o povo e à cidade fossem aprovados pelo fato de que o vereador que propôs as ações era da oposição. Isso foi vergonhoso. Projetos como o de combate ao nepotismo, por ingerência do executivo nem chegou a entrar em pauta, num total desrespeito ao vereador e ao legislativo. Mas penso que a câmara avançará na democratização com a nova mesa diretora, eleita por unanimidade, numa composição entre vereadores da situação e da oposição, presidida por Cori Ribeiro. Espero que ela seja mais independente em relação ao executivo, para que, inclusive, coloque todos os projetos em pauta. Sem discriminação. O ano legislativo, que em vários de seus momentos foi preenchido por sessões solenes, chega ao fim sem que projetos de nossa autoria, apresentados ainda em fevereiro ganhassem tramitação. E não foi por falta de tempo. Espero que o regimento, com uma mesa diretora equilibrada com membros da situação e da oposição sofra alterações e que nos próximos dois anos a câmara avance no processo democrático.

ON - O senhor foi o principal articulista da composição da mesa diretora, promovendo a divisão dos cargos entre oposição e situação. No entanto, o vereador Athos Mameluque pensa que houve ingenuidade de sua parte, uma vez que a divisão não seria essa, considerando a independência que Guila Ramos anuncia para 2007 em relação às duas bancadas.


Ruy - Ao articular a nova mesa, apoiei Cori Ribeiro pelas propostas que ele apresentou de presidir a casa sem partidarismo, com os demais 14 vereadores. Também pelo fato de sua imparcialidade no cargo o afastar, como ele garantiu, até mesmo das reuniões semanais da bancada situacionista com o prefeito. Além do mais, Cori Ribeiro tem a sua independência política e financeira e não precisa se submeter aos desejos alheios, condição que também defende os outros membros da mesa, Guila Ramos, Júnior de Samambaia e Fátima Pereira. Quanto a Athos Mameluque, colega de bancada, penso que em alguns momentos nossas ações ocorrem distintas uma das outras, até mesmo porque, quando atuo, coloco como meta a possibilidade de um resultado real. O vereador erra, às vezes, talvez até mesmo pela ingenuidade que enxerga em mim, ao não estabelecer essa meta. Ele parece querer jogar para a platéia, como no caso dos demitidos da Esurb, quando insistiu na mobilização dos ex-servidores, mesmo sabendo que o seu projeto não teria sucesso na câmara. Quando mobilizei a categoria dos lojistas do shopping popular, o fiz com o objetivo de alcançar resultados reais e positivos para a categoria. E os consegui.

ON - O senhor é um crítico da administração municipal e considera o prefeito Athos Avelino uma decepção. Dentro da sua perspectiva de chegar à prefeitura de Montes Claros, em 2008, o atual chefe do executivo poderia ser considerado um cabo eleitoral?


Ruy - Realmente o doutor Athos Avelino Pereira é a maior decepção que o povo de Montes Claros já experimentou, já que ele defendia um conceito de homem sério, honesto, cristão. Bastaram dois anos para que o povo descobrisse que ele não é nada disso. Foram dois anos de incompetência, de paralisia, de corrupção. Desonestidade, obscuridade... Só coisa ruim. Ele se revelou um homem que persegue quem discorda dele, um homem de alma pequena. Agora mesmo, por conta de sua política, nós perdemos a instalação de uma fábrica montadora de copiadoras xérox, que foi para Juiz de Fora. Eu já até havia cedido galpões para que a fábrica funcionasse em Montes Claros. A perda foi provocada ainda pela falta de um porto seco. Há dois anos que o prefeito prometeu agilizar a instalação do porto seco através de convênio com a Receita Federal e não se sabe de nenhum avanço nesse sentido. O prefeito não consegue fazer acontecer um convênio simples, impedindo que Montes Claros conte com um porto seco que já existe em Belo Horizonte, em Divinópolis, em Varginha, em Juiz de Fora.

ON -Então, ele é um bom cabo eleitoral?


Ruy - É claro que o seu imobilismo projeta outras pessoas e isso não deixa de me favorecer. Mas não preciso da incompetência do prefeito. Sei que a minha vitória em Montes Claros, nas eleições deste ano, quando reuni mais de 24 mil votos na cidade, não se deveu à sua incompetência, mas à minha competência, à minha capacidade empreendedora, à minha condição de ser um político ascendente, que o povo gosta e que se identifica com o povo. Ele não faz nada e eu sou uma pessoa que faz muito. Como político e como empresário, não somente em Montes Claros, mas em todo o estado. Espero que os eleitores separem à minha pessoa da dele – porque é água e vinho. Nesses próximos dois anos vou me preparar ainda mais para alcançar novos objetivos políticos, que me possibilitem ajudar ainda mais o povo. Vamos elaborar um belo programa de governo e disputar a prefeitura de Montes Claros.



ON -Na hipótese de vencer as eleições de 2008 e ter de deixar a assembléia legislativa, isso não o indisporia com as forças políticas que arregimentou nas eleições desse ano? O senhor não estaria rompendo o compromisso de representá-las como parlamentar? Esse detalhe preocupa?


Ruy -De forma nenhuma. O fato de eu anunciar a minha disposição de disputar a prefeitura em 2008 atende a uma das minhas metas que é acabar com político mentiroso, que esconde o que pretende, o que pensa. Eu não. Eu falo. Já falei que ficarei dois anos na assembléia do estado, que só não serei candidato se não tiver legenda. Além de ser um sonho antigo, quero ser prefeito de Montes Claros porque me sinto preparado para o cargo. Estou cheio de energia para lutar pelo crescimento de Montes Claros. Durante a minha campanha, em todos os lugares em que fui, deixava isso bem claro para os meus aliados: da minha pretensão de me tornar prefeito de Montes Claros. Isso, porém, não impedirá que eu trabalhe com muita dedicação, como deputado estadual, pelo povo que me elegeu.

ON - O senhor estréia como deputado estadual em fevereiro. Quais as expectativas que guarda da nova responsabilidade?


Ruy - Serei um deputado corajoso. Com fui na câmara. Corajoso para falar a verdade e cobrar o que for preciso. Infelizmente a assembléia que termina seu mandato agora em janeiro não prestigiou o Norte de Minas. A região tem um dos menores orçamentos em termos macro-regionais do estado. O Norte de Minas ficou com apenas 132 milhões de reais, contra 300, 500 milhões de reais cedidos a outras regiões. Infelizmente não chegamos a tempo de reivindicar mais recursos. Por isso, nosso trabalho será dobrado, na busca de assegurar os recursos. Mesmo porque o Norte de Minas não conseguiu ocupar novos postos no segundo governo de Aécio Neves, permanecendo somente a deputada Elbe Brandão. A região esperava e precisa de novos espaços no governo. O governador, porém, prometeu um segundo mandato com os olhos voltados para cá, e vamos cobrar esse olhar.

ON -Quais os projetos emergenciais e prioritários que apresentará para o Norte de Minas?


Ruy -Primeiro, vamos atuar no fortalecimento de nossa bancada, arregimentando forças que possam beneficiar o Norte de Minas. Precisamos estabelecer um grupo de pelo menos trinta deputados que tenham compromisso com o desenvolvimento da região, estabelecendo junto ao governo estadual, numa articulação que envolva ainda o governo federal, claro, uma agenda mínima para esse fim. Ou seja, promovendo obras como o Projeto Jequitaí, que precisa sair do papel, virar realidade, instalar o pólo moveleiro, concretizar a indústria de biodíesel, o porto seco, recuperar a BR135, concluir a Estrada da Produção, permitir as oportunidades para a ascensão do cidadão, sobretudo através da educação gratuita, com a ampliação da Universidade estadual de Montes Claros na região, com a instalação de uma escola técnica estadual de qualificação profissional.

Insistir na instalação de um pólo siderúrgico na região de Porteirinha, de um setor industrial automobilístico na região de Bocaiúva, aumentar o segmento do pólo farmacêutico com novas empresas, dando a elas incentivos fiscais, redução de impostos para determinados produtos. Influenciar na assembléia por uma presença mais constante do governo na região. Enfim, é preciso que desenvolvamos uma ação urgente junto ao governo que traga para o Norte de Minas o desenvolvimento econômico. E Aécio Neves será um grande parceiro nessa política de Estado, porque a sua atuação na região fortalecerá e muito a sua candidatura a presidente do Brasil em 2010. O objetivo de tudo é promover a melhoria da qualidade de vida do povo. É como esse compromisso que assumirei a minha cadeira na assembléia legislativa de Minas Gerais.

 

 

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