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Quarta-Feira,6 de Agosto

PS da Santa Casa pode fechar de novo

Diretor da instituição diz que plano de contingência será implantado sempre que limite de atendimento for atingido

Márcia Vieira
Montes Claros
Publicado em 15/01/2018 às 22:19.Atualizado em 03/11/2021 às 00:47.

Principal pronto atendimento do Norte de Minas, a Santa Casa de Montes Claros poderá fechar as portas novamente para a população, sem aviso prévio, caso a situação de superlotação ocorrida na última sexta-feira se repita. A informação foi dada pelo Diretor de Negócios da instituição, Hugo Soares, ao ser abordado ontem na porta do hospital pela reportagem de O NORTE. 

Ontem o setor de urgência estava com 36 pessoas internadas, bem menos que as 58 da manhã de sexta-feira, o que teria motivado o acionamento do Plano de Contingência e a suspensão do atendimento. 

“Não tínhamos leitos para atender a todos. Se ultrapassarmos novamente o número (36), vamos acionar o plano para que as autoridades responsáveis tomem providência”, afirmou Soares.

Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, no domingo vários pacientes foram transferidos para outras unidades hospitalares da região a fim de desocupar o espaço e permitir a retomada do serviço. 

“Tivemos nove transferências para os Hospitais Universitário, Dílson Godinho e Aroldo Tourinho, 13 altas e estamos com 36 pacientes”, informou a assessoria.

O alívio momentâneo, no entanto, não significou melhora no atendimento. Várias pessoas que procuraram o ambulatório da instituição ontem enfrentaram problemas. 

A estudante Bruna Alves da Silva, de Brasília de Minas, buscou atendimento para o sobrinho, de três anos, que engoliu uma moeda. Chegou ao hospital por volta das 3h da madrugada e até às 14h ainda aguardava por uma vaga. “Ele está sem comer e sem beber água desde ontem. Por ser criança, disseram que é preciso sala especial e temos ainda que esperar surgir uma vaga no bloco cirúrgico”, lamentou.

Fidelcino Santos veio de Porteirinha para acompanhar o tio, que sofreu uma queda. O paciente foi colocado numa maca no corredor, onde permaneceu por três dias, segundo ele, e só ontem recebeu o diagnóstico. “Falaram que ele tem que usar um colete, mas a moça ligou para Porteirinha e lá não tem. É preciso tirar medida e mandar fazer. Até agora não falaram comigo o que vai acontecer”. 

Luana de Jesus, moradora do Bairro Cidade Industrial, procurou a Santa Casa com suspeita de pedra nos rins. Conta que foi levada até uma sala e lá permaneceu por mais de 40 minutos aguardando atendimento. “O médico me deixou sentada lá, gritando, e só me atendeu porque chegou alguém da diretoria e me perguntou o que eu tinha. Ele só apertou minha barriga, passou um monte de exames, e agora vou ter que ir ao PSF do meu bairro pra tentar marcar um exame que não sai com menos de seis ou oito meses. O remédio que ele me deu eu poderia ter tomado em casa mesmo”, reclamou.
 
COBRANÇA
Durante o fim de semana, o fechamento do pronto socorro da Santa Casa foi o assunto mais comentado nas redes sociais entre os moradores da cidade. A população cobrou solução da diretoria do hospital e do prefeito Humberto Souto, que está de férias. 

A assessoria de comunicação da prefeitura emitiu apenas uma nota dizendo que “sobrou mais uma vez para a prefeitura a responsabilidade de atender à população”, e informou que algumas unidades de saúde e o Hospital Alpheu de Quadros estariam de prontidão. 

SAIBA MAIS
Santa Casa de polêmicas

Problemas nas gestões do provedor Eli Penido e do superintendente Maurício Sérgio de Souza
 
Junho de 2015 – Máfia das Próteses – Médicos e integrantes da diretoria da Santa Casa são suspeitos de participar de um esquema que indicava a compra de próteses pelo SUS, mas que eram usadas em clínicas particulares. A prática foi alvo da Polícia Federal em uma operação em 2015. Vários médicos e funcionários de empresas que forneciam as próteses foram presos, mas ainda não houve julgamento da ação
 
Junho de 2016 – Suspensão de Planos de Saúde – A Agência Nacional de Saúde Suplementar suspendeu a comercialização de novos planos do Saúde Santa Casa Família, por causa de irregularidades e reclamações feitas por clientes quanto ao descumprimento dos prazos máximos para realização de consultas, exames e cirurgias ou negativa de cobertura assistencial.
 
Janeiro de 2017 – Exclusividade no trabalho dos médicos – Parecer do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais considerou inconstitucional medida da Santa Casa de Montes Claros, de obrigar os médicos admitidos no corpo clínico a assinar contrato de exclusividade. Para o CRM-MG, medida era “incompatível com o exercício da profissão”. 

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