Política

Prefeitos mineiros surpreendidos por vitória de adversário

Em MOC, Humberto Souto (Cidadania) pediu votos para Bolsonaro, mas Lula foi mais votado

Hermano Chiodi (Hoje em Dia)
Publicado em 06/10/2022 às 22:23.
 (Hoje em Dia)

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A disputa entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) colocou à prova a força política dos prefeitos das maiores cidades mineiras que escolheram lado e pediram votos para algum dos candidatos à presidência. Em algumas cidades o resultado surpreendeu e, de acordo com especialistas, mostra que o eleitor pode ser mais resistente à influência de “cabos eleitorais” do que se poderia pensar.

Em Montes Claros, o Humberto Souto (Cidadania) gravou vídeos defendendo a política do atual governo e pedindo votos para Bolsonaro, mas Lula ganhou, com 46,63% – contra 44,90% do presidente.

Lula terminou as eleições vitorioso em Minas, mas quando se olha apenas os maiores colégios eleitorais, o petista foi derrotado porBolsonaro, que teve 115 mil votos a mais que o ex-presidente nas maiores cidades mineiras.

“A maior parte do eleitorado não vota com uma linearidade política. Ele pode ter avaliações diferentes dos candidatos e nem sempre segue a linha que seu candidato a prefeito ou deputado vota. É uma questão de autonomia do eleitor na hora de formar seu voto que causa essa desconexão. Uma situação que pode ser maior em eleições como a deste ano, com uma polaridade muito grande”, avalia o sociólogo e analista político Lucas Azambuja, professor do Ibmec.

Para Azambuja, o movimento que leva um prefeito a declarar apoio a um candidato ou outro não é muito diferente do que acontece com outros políticos. Como no caso do governador Romeu Zema (Novo), que neste segundo turno declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro e pediu expansão do metrô, obras viárias e o avanço nas negociações das dívidas do Estado com a União. Nas cidades não é diferente e, assim como no Estado, é preciso considerar a hipótese de derrota.
 
DADOS 
Em um levantamento realizado pelo Hoje em Dia, nos dez maiores colégios eleitorais de Minas - Belo Horizonte, Uberlândia, Betim, Juiz de Fora, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Uberaba, Ipatinga e Governador Valadares - e a cidade de Poços de Caldas, no Sul de Minas, mostrou que oito deles se envolveram diretamente na disputa presidencial ou viram seus partidos fazerem alinhamento direto com uma das campanhas. Mas apenas quatro deles tiveram êxito.

No entanto, para o professor, esta situação pode mudar no segundo turno. “Eu acho que no primeiro turno, o eleitor que se identificava com ou outro candidato se mobilizou para votar. Mas no segundo turno isso pode mudar. São duas opções e o eleitor tem a tendência mais concreta de ponderar as consequências da eleição para sua vida pessoal e escolhe de forma mais objetiva entre o melhor dos dois”, destaca.

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