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Segunda-Feira,22 de Setembro

José Serra: - Eu não olho o país de maneira dividida. Escolhi começar a campanha por Minas Gerais

Jornal O Norte
Publicado em 20/04/2010 às 10:14.Atualizado em 15/11/2021 às 06:26.

Neumar Rodrigues


Repórter


 


O pré-candidato à presidência da República pelo PSDB, José Serra, afirmou nesta segunda-feira, a empresários de Minas Gerais, que o Brasil perdeu uma grande chance de desenvolver o País durante a crise financeira iniciada em 2008. Segundo ele, o País sofre hoje uma ameaça inflacionária. Para Serra, no ano passado, o governo demorou quatro meses para baixar os juros.



“Tivemos até uma grande chance durante a crise, só que o Brasil ficou quatro meses para baixar a taxa de juros, quando todo mundo baixou na hora. Só que na época não tinha inflação e vieram os incentivos fiscais, com os quais eu concordo. Mas deixou de lado a política monetária. E poderia ter sido feito sem nenhuma perturbação do ponto de vista inflacionário. Agora temos aí ameaça de inflação e infelizmente foi uma oportunidade, uma água que passou debaixo da ponte, mas que pode passar de novo”, afirmou.



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Eliseu Resende, José Serra e Ruy Muniz
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O presidenciável disse ainda que não vê a oposição como inimiga, mas como adversária nesta disputa. “Eu não olho o país de maneira dividida. Escolhi começar a campanha por Minas Gerais. Campanha só depois da Copa do Mundo, mas agora é avaliar os cenários e agregar propostas para um projeto. Ao lado Aécio, disse que iria deixar a decisão sobre a escolha do vice para o fim de maio. “De verdade respeitar esses prazos.”



A corrida presidencial teve pouca oscilação apesar do lançamento oficial da pré-candidatura de José Serra em grande festa do PSDB no último dia 10. Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16, José Serra (PSDB) registrou 38% das intenções de voto contra 28% de Dilma Rousseff (PT). Serra se esquivou de comentar o resultado. “É somente uma avaliação de cenário.”



Da Fiemg, o pré-candidato seguiu para um almoço com lideranças tucanas, onde recebeu prefeitos e deputados de vários partidos, como o DEM, PPS, PP e PTB. A solenidade seguiu o mesmo modelo usado para lançar a candidatura Serra.



RUY MUNIZ LEMBRA AS DIFERENÇAS REGIONAIS



O deputado Ruy Muniz, que acompanhou todas as reuniões ao lado de Serra, Aécio e Anastásia, disse que “vivemos o tempo da maturidade, onde líderes da oposição visam a consciência e os valores da política. Tivemos grandes avanços nesses últimos 25 anos com os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva. Mas o Brasil precisa avançar mais, precisa criar mais indústrias. Além disso é preciso mudar o perfil e gerar empregos, pois as diferenças econômicas entre as regiões são nítidas”.



O parlamentar mineiro disse ainda que o projeto da situação é de dividir. Já o projeto do Serra é a da unidade nacional, de resultados: “Vale lembrar, ainda, que o candidato do PSDB tem uma grande história política, já que foi vereador, prefeito, deputado, ministro e governador. Já a candidata do governo do PT é uma técnica, sem experiência de gestora pública”, concluiu Ruy Muniz.



O pré-candidato tucano à presidência da República criticou o aeroporto internacional de Confins (MG) e o metrô da cidade de Belo Horizonte ao lado do ex-governador Aécio Neves e de seu sucessor, Antonio Anastasia, ambos do PSDB. A “gafe” aconteceu em evento na Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais).



O ex-governador paulista disse: “Desde a última vez que estive aqui, quando Eduardo Azeredo ainda era o governador, o metrô continua do mesmo jeito”. Serra ainda arrematou com “qualquer cidade com 500 mil habitantes já deve pensar em ter seu metrô”.



Depois, em entrevista coletiva e mais contido, o paulista fez questão de ressaltar que falava da falta de investimentos do governo federal nas áreas criticadas durante o debate. “A capital tem que ter seu metrô e aeroporto com o apoio do governo federal”, afirmou.



Questionado se a popularidade de Aécio ajudaria na campanha, prontamente, Serra disse que “já está ajudando, é um grande parceiro em Minas e no Brasil”. No entanto, voltou a desconversar quando o assunto era seu vice. “Isto fica para maio ou junho, vou respeitar esse calendário”.



Serra também disse ter muito respeito pelo ex-presidente Itamar Franco - que também chegou a ser cotado como vice - e destacou que, no governo dele, foi criado o Plano Real. Itamar não compareceu nem no lançamento da pré-candidatura, nem na Fiemg. Nesta segunda, participou de um evento do PPS, também em Belo Horizonte.



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Ruy Muniz, José Serra e Raquel Queiroz Muniz.



O presidenciável está afinado com as carências mineiras. Muitos dos pontos trazidos pelo paulista serão abordados nesta tarde pelo governador mineiro em encontro com lideranças políticas de todo o Estado. Ao longo do encontro, Serra criticou Saúde, Educação, Segurança, Economia e Transporte. Mais ofensivo do que quando lançou sua candidatura, o presidenciável não poupou ataques ao que chama de “estado obeso” e partidarização do governo. “Estado obeso não é um Estado saudável. Precisamos de um Estado robusto. Ao invés de interventor, regulador”.



Nenhum dos interlocutores poupou o governo federal. Do presidente da Fiemg, Robson Andrade, passando por Aécio Neves e Serra, e terminando nas cabeças assertivas quando o assunto era: falhas do governo federal. Nenhum dos presentes na mesa atacou nominalmente o PT, contudo, pautas - como redução da jornada de trabalho - defendidas por eles ou entidades sindicais próximas, foram severamente atacadas pelo representante da Federação.



Serra, por quatro vezes usou o seu bordão de campanha: “Brasil pode mais, pode muito mais”. Ungido de sua candidatura, fez graça com futebol, metáfora muito usada pelo presidente Lula, tirou algumas tímidas risadas da platéia e aplausos, por razões óbvias, quando propunha “desenvolver o Brasil” e a indústria nacional.



EX-GOVERNADOR MINEIRO FALA EM LEALDADE



Aécio discursou brevemente antes do pré-candidato para reforçar que acredita no “amigo e companheiro” na corrida ao Planalto. “A concentração de recursos na mão da união é a raiz dos nossos problemas”, disse o mineiro para depois criticar o partidarismo do governo, em crítica ao PT.



Sempre dirigindo sua fala a Serra, Aécio disse que a “candidatura não é mais sua (de Serra), ela é a nossa candidatura”. O ex-governador mineiro afirmou ainda que o pré-candidato tucano encontra em Minas “a lealdade e o companheirismo de quem pensa grande”.



Para um auditório lotado de empresários, o ex-governador mineiro alfinetou a União, que, segundo ele, abusa na concentração de recursos públicos. “Precisamos de um novo modelo de gestão pública”, defendeu Aécio.



O mineiro ainda usou o mote de Serra para dizer que a candidatura tucana à presidência é a oportunidade para o Brasil “avançar ainda mais”. Retomando críticas ao governo federal, Aécio disse que chegou a hora de “terminar o divórcio entre a União e os entes estaduais e municipais”.

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