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Sexta-Feira,21 de Novembro

Ingresso de Humberto Souto no PMDB é especulação no fechamento da janela

A mudança de Souto para o PMDB, entretanto, é inviável porque significaria uma intromissão com potencial para fazer bom ruído nos domínios do clã Tadeu Leite no município de Montes Claros

Jornal O Norte
Publicado em 12/03/2016 às 07:00.Atualizado em 15/11/2021 às 15:54.

POR LUÍS CLÁUDIO GUEDES

A reta final do prazo para que pretensos candidatos nas eleições de outubro mudem de partido começa a produzir muito ruído e pouca música. Boa parte é apenas ensaio, vindo da parte interessada ou não. Um desses casos é a iminente filiação do ex-deputado Humberto Souto ao PMDB, a convite do vice-governador e mandachuva em Minas Gerais, Toninho Andrade. Ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Souto tem alguma chance de ir ao segundo turno da sucessão do prefeito Ruy Muniz (PSB) em Montes Claros e, por isso, tem mesmo sido assediado por alguns partidos – inclusive o PSDB.

A mudança de Souto para o PMDB, entretanto, é inviável porque significaria uma intromissão com potencial para fazer bom ruído nos domínios do clã Tadeu Leite no município de Montes Claros. O ex-prefeito Luiz Tadeu Leite milita no partido há quase 50 anos, desde 1976, desde seu primeiro mandato como vereador, quando a sigla ainda se chamava MDB e enfrentava os rigores da ditadura, sob a batuta de gente como Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Mário Covas e tantos outros.

O PMDB em Montes Claros não é pasto sem dono, porque passou de pai para filho, numa espécie de capitania hereditária cuja interrupção da cadeia de transmissão exige engenharia política que acomode os interesses dos seus donatários. O atual deputado e secretário de Estado Luiz Tadeu Martins, filho do ex-prefeito Tadeu Leite, não pode ser ignorado pelo comando peemedebista.

Migrar para o PMDB daria a Humberto Souto grande espaço no horário gratuito eleitoral para levar adiante sua cruzada moralista na política, talvez de per si insuficiente para vencer Ruy Muniz, mas não interessa em nada ao clã Tadeu Leite, que tem no deputado Tadeu Martins a esperança de continuidade na cena regional. Ceder nacos do PMDB para atender aos anseios de um antigo adversário seria concessão que o velho Tadeu Leite, esteja onde estiver após o ocaso provocado pela sua última passagem pela prefeitura de Montes Claros, custaria a admitir.

Quando nada porque tem argumento de mostrar à cacicaria mineira da sigla que não há no mercado muitos políticos que tenha evitado trocar de partidos como se troca de camisa, caso até mesmo de Humberto Souto, que saiu da antiga Arena para uma viagem pelo mundo da sopa de letrinhas em que se transformou a frágil base ideológica da política brasileira.

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