Ildeu Maia: cabe à justiça investigar: presidente da câmara entende que ex-vereador quer aparecer ao pedir instalação de CLI para o caso das notas fiscais

Jornal O Norte
26/05/2006 às 12:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:36

Eduardo Brasil


Repórter


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O presidente da câmara municipal de Montes Claros, vereador Ildeu Maia - PP, disse ontem que não vai considerar o pedido de abertura de uma CLI - Comissão legislativa de inquérito para investigar denúncias de possíveis desvios de verbas que envolveriam vereadores desta e da legislatura passada na compra de notas fiscais frias de ex-funcionários de uma franquia dos Correios na cidade.

O pedido foi protocolado na tarde de quarta-feira 24, junto à mesa diretora do legislativo por Ricardo Figueiredo, ex-vereador em São Francisco e empresário em Montes Claros. De acordo com Ildeu Maia, legalmente ele está impedido de atender à petição.

- O regimento interno da câmara não permite que um cidadão possa requerer uma CLI. A lei estabelece que essa prerrogativa, é dos vereadores, que precisam somar um terço do plenário para sua instalação. Se apenas um vereador, por exemplo, fizer o pedido, sem a adesão do número exigido, da mesma forma não será atendido - informa Ildeu Maia, acrescentando acreditar que Ricardo Figueiredo estaria se aproveitando do episódio para chamar a atenção do público para si.

- Acredito que o cidadão está querendo aparecer, porque a polícia federal e o ministério público estão investigando o caso, instituições apropriadas para esse trabalho.

Segundo ele, o cidadão tenta um ôba-ôba, querendo chamar a atenção e obrigando a câmara municipal a abrir uma CLI, poder que ele não teria.

- Depois, não há necessidade de a câmara fazer sindicâncias a respeito se as investigações já estão em curso pela polícia federal e ministério público.

NOMES

Em relação à acusação de Ricardo Figueiredo - de que a câmara não estaria sendo transparente ao não divulgar o nome dos possíveis envolvidos, Ildeu Maia afirma que essa não é uma responsabilidade do legislativo, e que nem mesmo a polícia federal e o ministério público atenderiam à sua curiosidade paralelamente às investigações.

- Se ele solicitar dessas instituições a relação dos nomes, acredito que elas negarão. Eu não sei sobre essa relação, e nem tenho a curiosidade de saber. Prefiro aguardar pelo término das investigações para me informar de tudo que for necessário.

Ildeu Maia também não teme que o caso das notas fiscais arranhe a imagem do legislativo que ele preside desde o ano passado, de cuja gestão se orgulha pela transparência e honestidade no trato com a coisa pública.

- É claro que uma suspeita de irregularidade é ruim para qualquer instituição, e não seria diferente para a câmara. No entanto, a imagem do legislativo continua resguardada, até mesmo porque tudo ainda não passa de indícios.

Ildeu Maia acrescenta que população pode ficar tranqüila com a posição justa que a câmara tomará, se tiver de tomar, quando forem encerradas as investigações e que, até lá, a mesa diretora da casa continuará colaborando com as investigações dentro de suas possibilidades.

- O que não podemos fazer é ficar pré-julgando as pessoas em busca de autopromoção. Quanto ao cidadão que requereu a CLI, apelo para que não continue sendo precipitado. Se tiver algo errado, a justiça no dirá - encerra o presidente.

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