Ermano Batista aponta diretrizes para o crescimento regional

Jornal O Norte
30/05/2006 às 11:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:36

Eduardo Brasil


Repórter


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O novo secretário de estado extraordinário para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas - Sedese, Hermano Batista, que substituiu no cargo a deputada estadual, Elbe Brandão, que deixou a pasta para tentar a reeleição nas urnas de outubro, esteve em Montes Claros na semana passada, na sua primeira visita à região, quando anunciou a implantação do Programa de convivência com a seca, atendendo pleito da Amams - Associação dos municípios da área mineira da Sudene.

Na oportunidade, ele concedeu a seguinte entrevista a O Norte.

O NORTE – Reclamam que falta coesão política ao Norte de Minas para que a região se fortaleça e cresça de acordo com suas potencialidades. O senhor concorda com este raciocínio?

ERMANO BATISTA - O que falta é um crescimento mais homogêneo. O Norte de Minas oferece 5% do PIB (Produto interno bruto) mineiro, mas em regiões mais concentradas, o que acentua a descontração de aplicação de recursos. Isso impede que haja uma homogeneidade do desenvolvimento. Você pode estar certo de que, quando houver essa dinâmica o Norte de Minas será um dos maiores fornecedores de recursos para o crescimento do PIB. A região tem um potencial muito grande, em todas as áreas e o que precisamos fazer é despertar esse potencial e transformá-lo em força matriz para esse desenvolvimento.

ON – O senhor assume a pasta já anunciando um programa de convivência com a seca. Quais seriam as outras metas neste processo de buscar a solução dos problemas regionais?

EB - O processo é continuado, não há uma ação isolada de governo. O trabalho da secretaria é simultâneo com outras ações de governo. É um trabalho voltado para o desenvolvimento dessas regiões como um todo. Nosso trabalho tem ainda outra prioridade que é lidar diretamente com a pessoa, com o indivíduo, no sentido de que possamos dar a esse cidadão condições de permanecer na sua região de origem, acabando com esse processo migratório prejudicial em vários aspectos.

Essa migração traz transtornos sociais dos mais diversos.

ON – Cite um deles.

EB - O processo migratório esvazia a região em determinado momento, numa época em que o indivíduo sai em busca de emprego em outros centros, ou até mesmo para cortar cana no sul do país, ou deixar o Brasil para tentar a sorte na América, no sonho de reunir dólares que possam garantir seu futuro e que muitas vezes acaba em frustrações. Então, essas pessoas retornam à região aumentando os seus problemas. É que, na ausência delas, o governo estipula programas visando atender às regiões de acordo com as demandas de sua população. O retorno desse contingente gera, então, esses tais problemas diversos. Como exemplo, citamos as dificuldades que os hospitais encontram para atendê-los, exigindo improvisações que nem sempre dão certo. É que a inconstância do número de habitantes impede o poder público de planejar e construir uma infra-estrutura para atender essa população de forma continuada e progressiva.

ON – Falta um desenvolvimento sustentável?

EB - Sim. Problema que se soma à desconcentração da aplicação de recursos e à falta de um crescimento igual. Por que o Norte de Minas tem um lado gordo e um lado magro. Mas o Norte e o Nordeste também são regiões que apresentam esse mesmo tipo de doença, digamos assim. Têm áreas ricas e áreas extremamente pobres. O que precisamos fazer é garantir a distribuição justa das fontes de riquezas do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.

ON – O senhor diz que falta mais ação do poder público na região, o que, aliás, tem sido a maior reclamação dos norte-mineiros. Quem age menos? O governo estadual ou a União?

EB - Olha, via União, a presença do poder público na região já é de longa data, desde os tempos de JK quando se criou a Sudene que colocou a região na área mineira assistida pelo órgão. Agora, a presença do Estado, de forma mais efetiva como temos hoje, começou com a criação da Sedese, colocando o Idene como executor das ações da secretaria. Daí para cá a presença do Estado tem sido marcada pela inteligência, determinação e apreço do governador Aécio Neves pela região.

ON – O Norte de Minas pensa em se separar do resto do estado e ter vida própria, a exemplo do que aspira a população do Triângulo Mineiro. É justa essa pretensão?

EB - Veja bem, o Triângulo Mineiro deseja a separação por puro ufanismo. E o Norte de Minas por revolta...

ON – Não seria por uma questão de necessidade?

EB - Revolta... Necessidade, talvez, mas nem tanta. É um desejo de vingar, separando-se de alguém da qual se sentiu abandonado por um período. O Norte de Minas sente-se como um apêndice rejeitado. No momento em que o Estado mostra-se presente, oferecendo à região os mesmo benefícios que dispensa às outras não haverá nenhum movimento ou aspiração separatista. Nem aqui, no Norte de Minas e nem no Triângulo Mineiro.

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