Delação de ex-diretor da UTC dá conta que o secretário teria recebido recursos da Petrobrás durante a campanha pela Prefeitura em 2012 |
As denúncias da operação lava Jato chegaram à campanha eleitoral para prefeito em Montes Claros em 2012. A denúncia foi feita pelo ex-diretor financeiro da UTC Engenharia e delator na operação, Walmir Pinheiro Santana, conforme reportagem publicada na revista Veja do fim de semana. O delator acusa o Secretário Paulo Guedes de ter se beneficiado com os recursos desviados da Petrobras durante a disputa pela prefeitura.
Walmir afirmou à PGR (Procuradoria Geral da República) que R$ 1,8 milhão em recursos desviados da estatal teria financiado campanhas do PT na eleição municipal de 2012, entre elas a do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), e a de Paulo Guedes (PT) em Montes Claros.
Guedes não se elegeu, mas foi escolhido pelo governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT) para ser o secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais.
Segundo reportagens da revista Veja e do jornal O Estado de S. Paulo, Pinheiro disse em depoimento que R$ 15,5 milhões teriam sido desviados das obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Parte desse dinheiro (R$ 1,8 milhão) teria reforçado os caixas de campanhas petistas e outras fatias entregues como propinas ao ex-ministro da Casa Civil do governo do ex-presidente Lula José Dirceu (R$ 1,69 milhão) e ao ex-prefeito de Diadema José de Filippi Júnior (R$ 400 mil), que foi tesoureiro das campanhas presidenciais de Lula, em 2006, e da presidente Dilma Rousseff, em 2010. Filippi ainda está nas apostas do PT para tentar retomar a hegemonia do partido em Diadema – a sigla governou a cidade por praticamente 30 anos – nas eleições de 2016.
Segundo a delação, todas as transferências ilícitas foram autorizadas pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado em setembro a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa – está detido desde abril. De acordo com o delator, a propina também financiou as candidaturas petistas de Humberto Costa (Recife-PE), Marcio Pochmann (Campinas-SP) e Patrus Ananias (Belo Horizonte-MG), Durval Ângelo (Contagem-MG) e de Paulo José Guedes (Montes Claros-MG) — com exceção de Marinho, todos eles foram derrotados.
Dono da UTC, Ricardo Pessoa foi preso há um ano, mas hoje cumpre prisão domiciliar. À Justiça Federal, ele disse que pagou propina para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e para o PT, via Vaccari. Já o delator Walmir Pinheiro era braço-direito de Pessoa na UTC. O executivo foi preso no ano passado – indiciado por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e fraudes em licitações públicas –. mas foi solto pela Justiça Federal do Paraná quatro dias depois. Assim como o empreiteiro, Pinheiro fez acordo de delação premiada.
Em 2014, a Construtora OAS recebeu R$ 30,3 milhões em contratos diretos para tocar obras de canalização e antienchente do Ribeirão dos Couros. A OAS também ergueu outras construções do governo Marinho, como o centro de desenvolvimento de handebol, do ginásio de atletismo, do CEU (Centro de Educação Unificado) na Vila São Pedro, do conjunto habitacional Jardim Esmeralda e de urbanização do Jardim Silvina.
