Eduardo Brasil
Repórter
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O CRM - Conselho Regional de Medicina solicitará do executivo de Montes Claros medidas para apurar as suspeitas de que a população estaria consumindo medicamentos falsificados, distribuídos pela rede pública de saúde. A decisão foi anunciada pelo presidente da entidade no Norte de Minas, Itagiba de Castro, durante audiência pública na câmara municipal na semana passada, quando o assunto foi debatido atendendo proposição do vereador Rosemberg Medeiros – DEM.
- É uma medida que precisa ser tomada pelo município. Apesar de não haver provas de que a falsificação exista, nos lotes adquiridos pela prefeitura, há indícios disso, e uma delas seria a ineficácia que alguns remédios apresentariam.
Acima de tudo, acrescenta o vereador, seria uma ação preventiva, até para tranqüilizar a população que não esconderia o receio de estar sendo enganada.
- Ameaçada na sua saúde – completa Rosemberg Medeiros, que chegou a exibir da tribuna da câmara municipal exemplares de medicamentos que apresentariam características estranhas, destacando o fato de eles esfarelarem no contato com os dedos.
GATO POR LEBRE
O pedido a ser feito pelo Conselho Regional de Medicina ao executivo atende a uma sugestão de Rosemberg Medeiros para que a prefeitura de Montes Claros reúna, aleatoriamente, um número de medicamentos adquiridos pelo município para exames laboratoriais no Instituto Adolfo Lutz.
- São medicamentos que precisam ser analisados, até pelo fato de eles serem adquiridos pelo município através do pregão eletrônico, por valores reduzidos – acrescenta o parlamentar, frisando que o barato pode ficar caro para o povo, com a prefeitura correndo o risco de comprar gato por lebre.
- É preciso uma fiscalização mais rigorosa na aquisição desses medicamentos, num país onde a falsificação de remédios nunca deixou de existir. E a fiscalização da prefeitura é deficiente.
O vereador não descarta a possibilidade de a ação criminosa, que ameaça a saúde popular, estar ocorrendo também no setor privado, sugerindo que os proprietários de farmácias procedam da mesma forma, na direção apontada ao município pelo CRM.
- Até porque estabelecer uma medida semelhante às farmácias não é de competência do CRM, mas da Anvisa, que é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
FARMACÊUTICOS
Ainda de acordo com Rosemberg Medeiros, a prefeitura de Montes Claros, segundo o Conselho Regional de Farmácia contaria apenas com sete farmacêuticos, enquanto que o necessário seria um mínimo dezoito profissionais.
- É pouca gente para cuidar de todo o processo que envolve a aquisição, estocagem, preservação e distribuição de medicamentos. Se esse processo é vulnerável, o povo pode estar sendo vítima de uma negligência que precisa ser evitada. E o município não pode fugir dessa responsabilidade, atendendo ao CRM – ressalta o vereador, que é médico cardiologista.
- Vamos aguardar o procedimento que a prefeitura de Montes Claros tomará. Acredito que seja o de reunir os lotes dos medicamentos e levá-los a exames laboratoriais. Com essa medida, ela cumpre uma missão nobre, que é defender e preservar a vida das pessoas – finaliza Rosemberg Medeiros.