Transporte público

Câmara Municipal aprova projeto do prefeito e rejeita benefício ao povo

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 08/07/2025 às 19:00.
Câmara aprova compra de 60 veículos para transporte coletivo sem garantia de redução tarifária (Márcia Vieira)
Câmara aprova compra de 60 veículos para transporte coletivo sem garantia de redução tarifária (Márcia Vieira)

Nesta última terça-feira (8), a Câmara Municipal de Montes Claros aprovou a proposta do executivo de comprar 60 veículos para substituir a frota do transporte coletivo na cidade. Mesmo sem o detalhamento de valores e prazos para fazer a aquisição dos veículos e sem nenhuma garantia de redução no preço da passagem, não houve dificuldade para o projeto passar. O mesmo não aconteceu com a emenda do vereador Daniel Dias, que propôs, como contrapartida, que o município implantasse a “tarifa zero” para toda a população no transporte coletivo urbano, a exemplo do que já acontece em outras cidades.

Para Daniel, quando se trata de injetar dinheiro nas empresas, o caminho é rápido e fácil, entretanto, quando entra em pauta um benefício real que contempla a necessidade do povo, ele é rejeitado. “Todas as grandes cidades do Brasil já estão investindo no transporte público, como o próprio nome diz. Quando é bom e lucrativo, os empresários querem operar o sistema, mas quando precisa pegar o dinheiro público e aplicar no sistema, eles choram, porque só querem ganhar, sem assumir o risco que todo negócio tem”, criticou o vereador cuja emenda foi retirada por ser considerada pela Câmara como inconstitucional.

Mesmo o projeto tendo passado pelas comissões, os vereadores demonstram desconhecer o teor daquilo que aprovaram, como demostram falas do presidente da Câmara Júnior Martins, que afirmou à reportagem que o município “preocupado com o povo de Montes Claros vai adquirir esses ônibus para melhorar a condição do transporte. O consórcio não vai precisar gastar com a compra dos ônibus e depois repassar isso para a tarifa, o que é normal”, disse Júnior. Entretanto, ao ser questionado se, na prática, o projeto poderia representar redução da tarifa, já que o consórcio MocBus tem um contrato em vigência que estipula o investimento na frota, o presidente recuou e disse que a situação só poderá ser avaliada posteriormente, reafirmando que o projeto não traz nenhuma garantia. “Você não consegue garantias imediatas, porque a gente vai olhar impacto, estudos junto com a Secretaria, o Legislativo e o Judiciário, para que entrem em um acordo que seja em benefício do nosso povo”.

Em relação à autorização para o município contrair empréstimo, como consta no inciso 5° do Artigo 1?º do projeto (Para aquisição dos veículos, fica o município autorizado, nos termos do art. 1º, da Lei Municipal 5.787, de 2025, a utilizar outras linhas de crédito mais favoráveis, desde que contraído com instituições financeiras oficiais) Júnior declarou: “desconheço outro empréstimo que o município está buscando. Todos os vereadores também desconhecem”. Sobre o contrato, o presidente da Câmara disse apenas que “a Moc Bus alega dificuldade para a execução do contrato”, sem explicar se a Câmara apurou se haveria alguma penalidade ou multa para a empresa, antes de aprovar o documento. “O projeto hoje é somente pedindo autorização para a compra dos veículos e não ainda para ajustar como será esse repasse. Vamos supor, quando se compra veículo híbrido ou elétrico, não vai ter custo para o combustível, então a empresa consequentemente pode diminuir a tarifa”.

No entanto, o entendimento da MocBus sobre a viabilidade de redução da tarifa a partir da iniciativa do município é bem diferente da visão do legislativo. “Somente a planilha de composição de custos irá demonstrar, uma vez que a manutenção dos veículos elétricos tem uma escala muito maior do que os veículos movidos a combustível”, disse João Neto, gestor de comunicação e marketing do consórcio.

Sobre a possibilidade da iniciativa solucionar o problema dos transportes, ele afirmou que não solucionará, pois, com a mudança significativa da frota, os custos operacionais mudarão também, logo, um novo estudo deverá ser feito e não há informação sobre redução da tarifa. Em referência ao contrato anterior, o gestor pontuou: “Estamos trabalhando em conjunto com o município para buscarmos a solução, assim, um aditivo contratual deverá ser feito e, dentro das condições, continuaremos a adquirir veículos, como já fizemos este ano com a aquisição de três”.

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