Eduardo Brasil
Repórter
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(fotos: Wilson Medeiros)
A estratégia divisada pelo vereador Athos Mameluque - PMDB, para que os moto-taxistas - colocados à margem do mercado de trabalho pelo STF - Supremo tribunal federal, que cassou lei estadual que regulamentava a atividade no estado, de autoria do deputado Gil Pereira - PP pressionem o presidente Lula a desautorizar a medida, aproveitando visita que o chefe da nação fará a Montes Claros na semana que vem, terça-feira 15, foi aceita pela categoria num misto de dúvida e certeza de que a ação dará certo.
Ainda assim, eles deverão responder ao chamamento do parlamentar para que se posicionem no aeroporto da cidade, na terça-feira, em horário ainda a ser confirmado, onde Lula desembarcará, no sentido de manifestar sua contrariedade e exigir seu direito de trabalhar.
Os protestantes, então representados por uma comissão de moto-taxistas e vereadores esperam se reunir rapidamente com presidente da República, para passar às suas mãos abaixo-assinado e documento em que pedem o retorno da atividade, sob pena de a medida do STF agravar ainda mais a questão do desemprego na cidade e em todo o estado.
- Não aposto que o presidente fará isso por nós. Ele pode até prometer, mas desconfio de que tudo acabe numa grande promessa política em ano de eleições - comenta Frederique Oliveira, que há dois anos atua como mota-taxista.
- Concordo que Lula até receba o documento. Não custa nada fazê-lo. Mas guardo minhas dúvidas de que ele leve o assunto adiante. E a sério. Afinal, ele é candidato.
MAIS CRENTE
Pedro Evair Zuba é mais velho que Frederique no ramo. Há uma década é moto-taxista e, antes de responder se acredita ou não na disposição do presidente da República em ajudá-los, ressalta a atitude do vereador Athos Mameluque como importante neste momento em que a categoria é colocada na marginalidade de vez.
- Foi uma boa atitude. Os moto-taxistas, suas famílias, agora desamparadas de uma renda que eles garantiam, precisam desse apóio e penso que todos estarão correspondendo à altura.
Os moto-taxistas prometem comparecer ao aeroporto para
pressionar o presidente Lula a revogar a medida do STF
Evair acredita que Lula atenderá ao apelo desta próxima terça-feira.
- Ele prometeu combate ao desemprego e esperamos que cumpra a promessa - acrescentou, confirmando que se dirigiria ao gabinete do parlamentar para assinar a reivindicação ao presidente.
PREFEITURA AJUDOU
Starley Rodrigues entende que a medida do STF só veio confirmar o que já acontecia em Montes Claros - total desprezo do poder público aos moto-taxistas. Ele acusa a prefeitura municipal de ter dificultado a atividade ao longo dos anos, deixando de regularizar a situação de muitos profissionais que teriam sido obrigados a trabalharem de forma ilegal.
- Em Montes Claros, deveriam circular 1.601 motos com placas vermelhas, oficiais para o serviço de moto-táxis. Só que a prefeitura não liberou todas as placas e apenas 864. O próprio poder municipal já ajudava a prejudicar a nossa atividade.
Starley Rodrigues não acredita que com a cassação da lei os moto-taxistas deixarão de trabalhar:
- Ninguém quer morrer de fome
De acordo com Starley, que garante que também estará presente no protesto do dia 15, o presidente Lula, por ser candidato à reeleição, deve considerar a reivindicação da categoria.
- Ele sabe que o desemprego atinge também a imagem de seu governo. Ele sabe que a atividade do moto-taxista precisa ser legalizada e não extinta.
CLANDESTINIDADE
O moto-taxista também entende que a medida do STF não atinge somente os profissionais do setor, agora colocados definitivamente na marginalidade, mas também a população.
- As pessoas se acostumaram com os serviços que prestamos e os utilizam sem nenhum receio, pois às vezes é mais econômico e bem mais rápido. O povo também vai sentir falta do nosso trabalho e deveria reforçar o abaixo-assinado que estamos providenciando.
Starley conclui observando não acreditar que, mesmo que a medida do STF persista, o moto-taxista deixará de trabalhar para defender seu sustento e de sua família, atuando na clandestinidade.
- Isso já vinha ocorrendo e a tendência é de que aumente a partir de agora. Ninguém pode ficar sem ganhar o seu pão de cada dia, caso contrário morre de fome em uma cidade em que a prefeitura não se importa com o desemprego e no nosso caso, até ajudou a aumentar.