Prefeitura de Montes Claros deve três meses de repasse de energia à zona rural

Comunidades podem ficar às escuras e sem água, pois poços dependem de bombas elétricas

Márcia Vieira
O Norte
06/03/2020 às 00:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:51
 (Manoel Freitas)

(Manoel Freitas)

Há cerca de três meses, a Prefeitura de Montes Claros não efetua o repasse de verba que garante energia às comunidades rurais. Sem o pagamento, as famílias podem ter o abastecimento interrompido e o funcionamento dos poços artesianos, que depende de bomba elétrica, comprometido.

“Estamos inseguros porque a Cemig pode chegar aqui a qualquer momento e cortar o fornecimento. A comunidade vive dessa água. São dois poços, distantes mais de dois quilômetros das comunidades. Atendemos três comunidades: são 99 famílias que precisam desta água e estamos com três contas vencidas. A comunidade é carente e não pode arcar com este custo. Até pensei em tirar do meu bolso para pagar por causa do prazo, mas está difícil”, diz A. S., moradora de uma das comunidades afetadas.

O convênio atende a 80 comunidades rurais, que dependem dele para ter o abastecimento de energia. “O valor é de aproximadamente R$ 26 por família. Cada comunidade recebe de acordo com o número de famílias cadastradas. Como presidente do Conselho, lamento essa postura da administração. É o único recurso que eles têm para custear a luz”, afirma Adenílson Leite, presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS).

Segundo ele, a Secretaria Municipal de Agricultura já foi procurada. “Eles alegam é que a contabilidade fica complicada no início do ano. Mas, desde o fim do ano passado a situação está pendente”.

MAIS PREJUÍZOS
O vereador Ildeu Maia (Progressitas) tem usado a tribuna da Câmara semanalmente para cobrar soluções para a zona rural de Montes Claros. O vereador destacou que a ponte da comunidade de Aparecida do Mundo Novo está interditada há mais de dois meses. Apesar de o problema prejudicar principalmente os produtores, que têm dificuldades de escoar a produção para a Ceanorte, a administração municipal não demonstra interesse em resolver a situação.

“São mais de seis quilômetros para fazer o desvio. Isso representa custo no bolso do produtor. O prefeito abandonou a zona rural e, infelizmente, tem demonstrado que essas pessoas não têm importância para ele”, afirmou Ildeu.

O secretário de Agricultura, Osmani Barbosa, foi procurado, mas não atendeu às ligações. 

Sem solução e com perigoNo dia 9 de janeiro, por ocasião da queda da ponte, O NORTE denunciou a situação. Naquela ocasião, o secretário de Agricultura, Osmani Barbosa, garantiu que uma equipe estava no local para resolver a situação. No entanto, Rosa Maia, moradora de Aparecida do Mundo Novo, garante que “a única coisa que fizeram foi retirar a madeira e deixar no meio da estrada, atrapalhando ainda mais a circulação de veículos. Ficou mais perigoso porque os próprios moradores improvisaram uma pinguela para pedestres e motos”, disse. “Já que eles não consertam a ponte, poderiam ao menos cascalhar o desvio. Mas até agora nada. Será que ainda vamos ter que custear uma coisa que é obrigação da prefeitura? Isso é uma situação absurda”, reclama.
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