Soraya Aggege
Jornal O Globo
SÃO PAULO - A nova cúpula do PT se reuniu domingo, 10, pela primeira vez, sob comando do ministro Tarso Genro (Educação), que assumiu a presidência do partido no lugar de José Genoino. Durante o encontro, a executiva decidiu criar duas comissões para acompanhar de perto a crise política e fazer uma auditoria nas contas do partido, que tem uma dívida de mais de R$ 20 milhões. O ex-ministro do Trabalho Ricardo Berzoini, que assumiu a secretaria-geral do PT, disse que as contas deixadas pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares, pivô do episódio do mensalão, serão analisadas.
- Ele (Delúbio) vai ter de prestar contas ao partido e à sociedade - afirmou.
Berzoini, que ficará à frente da comissão que vai analisar a crise política, acrescentou que o PT precisa ter consciência do seu papel, como partido do governo do Lula, sabendo separar o governo do partido.
ENCONTROS AGENDADOS
A comissão que vai fiscalizar as atividades financeiras do partido será chefiada pelo deputado José Pimentel (CE), nomeado sucessor do tesoureiro Delúbio. Para dar transparência às operações financeiras, Tarso anunciou a criação de uma agenda:
- Nosso tesoureiro vai abrir um livro de agenda, onde deverão constar todos os encontros, visitas, negociações e relações que os membros da executiva vão ter para tratar da situação financeira do partido, com data, hora, local e tema da conversação - explicou.
Por unanimidade, os integrantes da executiva nacional do PT decidiram ainda manter para o dia 18 de setembro o PED - Processo de eleições diretas do partido. Membros de correntes de esquerda do partido temiam uma imposição do campo majoritário para que as eleições internas petistas fossem adiadas, o que não ocorreu. Os integrantes da executiva nacional decidiram ainda convocar uma nova reunião para o próximo dia 19.
O CANDIDATO
O campo majoritário ainda não decidiu quem substituirá o ex-presidente do PT José Genoino em sua chapa nas eleições internas. Segundo o deputado Devanir Ribeiro - PT-SP, a expectativa é de que Tarso seja o candidato. Ele afirma que Tarso pode promover uma maior unidade no partido.
- Creio que o Tarso consiga. O problema é que tradicionalmente nós brigamos muito - disse.
Tarso, por sua vez, disse que conversou domingo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo ele, Lula ainda não decidiu se permitirá que ele continue no ministério até o dia 27, quando ele apresenta o projeto da reforma do ensino superior, acumulando o comando do partido. Ele afirmou, no entanto, que Lula viu a proposta com simpatia.
O novo presidente do PT sugeriu ainda a Lula que depois do dia 27 escolha Fernando Hadad, seu assessor direto, para o ministério. A intenção do ministro é voltar ao cargo depois, caso não seja eleito presidente do PT nas eleições internas do partido.
- O presidente ainda não tomou a decisão sobre isso. Eu não discuti o nome com ele. Não tenho essa ousadia. Mas disse que se ele considerar nosso trabalho positivo, pode optar pela continuidade - disse.