Daura Carvalho

Você sai para uma caminhada, porque é algo saudável, porque é agradável, porque você tem um propósito de manter sua energia física circulando e a caminhada faz bem. E você escolhe um chapéu de palha para se proteger do sol. Com certeza você vai estar diferente da maioria das pessoas que faz caminhada.

Usar um chapéu de palha tem lá suas vantagens: é leve, é confortável, é um produto natural, não esquenta tanto a cabeça como, por exemplo, um chapéu de qualquer outro material ou um boné. E custa bem pouco.

Até aí tudo bem. Mas quem tem coragem de usar um chapéu de palha para fazer uma caminhada ou para dar uma volta no centro da cidade? No mínimo, as pessoas podem ficar receosas de serem chama-das de caipiras. E quem não é um pouco ou muito caipira?

Aquele lado simples e ingênuo do caipira pode ser chamado de lado autêntico. Mas a ditadura da moda diz que, para caminhar, em vez de uma roupa larga e confortável, melhor usar uma malha colante, colorida, da cor do verão (ou da primavera, inverno...). E isso só para falar de caminhada. Mas há a moda própria para o lazer, para o trabalho, comida, bebida... Como você se sentiria indo a uma festa e tomar apenas suco? Você teria coragem? Enfrentaria a gozação dos seus amigos, que naturalmente bebem e fumam e fazem tudo que se diz ser “normal”?

- Como você se sentiria indo a uma festa e tomar apenas suco?

Ser autêntico é usar a consciência e decidir o que você vai usar, comer, vestir, pensar, falar, agir de acordo com essa consciência. Você é quem precisa definir os rumos para sua própria vida e ficar alerta para não ser escravo da propaganda, do marketing e da ditadura dos meios de comunicação.

De repente você está comprando um produto, que apresentado simples-mente não teria tanto atrativo, mas você leva aquele produto porque, de forma subliminar, você está levando para casa a modelo muito bem produzida vei-culada na publicidade daquele produto.

Comprando, muitas vezes, gato por lebre. Isso só para abordar o copor-tamento das pessoas numa sociedade de consumo.

E na maneira de viver, no nosso dia-a-dia, nos nossos relacionamentos, nas diversas situações que se nos apre-sentam. É comum avaliarmos o mérito e o demérito de acordo com nosso próprio sistema de valores. Fazemos isso cons-ciente ou inconscientemente.

Avaliamos situações, objetos, ações, palavras, atitudes, com-portamentos, e agimos de acordo com ele. Mas quanto desse sistema está de acordo com os meus valores intrínsecos, com as minhas qualidades originais? Eu sou paz, amor, verdade, honestidade...

Pensar, falar e agir de acordo com os valores nos quais acredito, com os quais concordo, é ser autêntico. É impossível ser honesto comigo mesmo se estou apegado às minhas próprias fraquezas – a raiva, ciúme, inveja, competição, ganância. Fraquezas não fazem parte de mim, o ser original e eterno que sou. Foi algo que adquiri ao longo do processo nesta caminhada pela vida.  Se não consigo ser honesto  comigo mesmo, agindo com base nas minhas qualidades verdadeiras, não posso me apresentar aos outros de forma coerente.

Um dos principais aspectos da desonestidade nos relacio-namentos é esconder defeitos. Quando a minha atitude é essa, estou mentindo para os outros, mas primeiramente estou mentindo para mim mesmo.

Mas, em nível mais pro-fundo, é viver a mentira que eu sou. E isso realimenta fraquezas como tristeza, de-pressão, falta de ânimo e entusiasmo pela vida.

- Quanto mais aberto sou comigo mesmo e com os outros, menos tenho que me explicar

Simplesmente porque estou fora do meu ponto de equilíbrio.

Quanto mais aberto sou comigo mesmo e com os outros, menos tenho que me explicar. A autenticidade traz proximidade e evita situações de constran-gimento. Mas ela precisa ser usada com a doçura, gentileza, misericórdia para trazer resultado positivo. A honestidade nos aproxima de nós mesmos e nos aproxima de Deus.

Curso introdutório à meditação Raja Yoga – início dia 21 de novembro, às 20 horas. Carga horária: 12 horas/aula. Reserve sua vaga. Ligue: 3224-5454.

* Jornalista

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