Felippe Prates
Nos anos 50 e 60, integrávamos o corpo de redatores de “Jerônimo, o herói do sertão”, um programa da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Lá, tivemos a grata oportunidade de conviver com nomes consagrados pelos ouvintes de todo o Brasil, num tempo em que a televisão engatinhava. Dentre eles, se destacava Paulo Roberto, produtor responsável por afamados e muito saudosos programas de grande sucesso na PRE-8, como “Obrigado, doutor”, “Nada além de dois minutos”, “Lira do Xopotó”, “Gente que brilha”, além de vários outros. Paulo Roberto, médico, cujo verdadeiro nome era José Marques, no final dos anos 30, início dos anos 40 do último século, havia morado em Montes Claros, tendo trabalhado ao lado de Levi Lafetá no Centro de Saúde. Homem brilhante, muito inteligente, memória privilegiada e apurado senso crítico, Paulo Roberto gostava de nos contar histórias divertidíssimas do tempo em que viveu em nossa terra, muitas delas por nós transformadas em crônicas, todas ótimas, algumas até mesmo radiofonizadas por ele.
Desse agradável convívio, valorizado pela nossa origem montes-clarense, nasceu uma bela amizade, que durou até o falecimento de Paulo Roberto.
Contou-nos o saudoso amigo, que uma noite foi levado à tela do principal cinema de Montes Claros, um filme de terror, daqueles de arrepiar os cabelos e gelar o sangue das veias!
Cinema lotado, toda a platéia assistia ao filme com os olhos arregalados, roendo as unhas, quando aconteceu uma cena apavorante, em pleno cemitério de uma vila fantasmagórica, um palco perfeito para o abrigo de assombrações, mulas sem cabeça, lobisomens e tudo mais que existe de A a Z, sem exceção, na imaginação das pessoas em matéria de terror!
Uma velha sepultura, com aspecto horrível, toda rachada, quase coberta pelo mato, num “close” foi chegando, chegando, até ocupar praticamente a tela inteira. Então, a tampa do túmulo se mexeu, entreabrindo-se!
Imediatamente, assombradíssima, a platéia inteirinha exclamou:
- Vixxxxxxxxxxxxxxxx!!!
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Amigo Antônio Augusto Souto - Agradecemos-lhe, sensibilizados, às suas generosas referências a nossa crônica festejando os 70 anos do Haroldo Lívio, essa figura maiúscula com quem temos a alegria de conviver. Quem tem inveja do seu ótimo texto somos nós, pois até hoje jamais tivemos a honra de ver uma crônica publicada na primeira página do “Opinião”, seu honroso chão! Não só por falta de engenho e arte mas, certamente, por gentileza do Reginauro, para não perdermos para você e, também, na comparação, para o mestre Georgino Júnior, sem dúvida o melhor cronista mineiro, “et pour cause” efetivo da vitrine. Na próxima viagem a Montes Claros o procuraremos, Antônio Augusto, para selarmos a nossa amizade aos eflúvios de um bom “scotch”. Ou, como diria o belo cronista Raphael Reys, o Rubem Braga do Cerrado, na companhia de uma “meiota” de Viriatinha...
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Amigo Reivaldo Canela – Antes que o deletério do Lamparina MB diga que demos uma de Chaves, “sem querer querendo...” pedimos-lhe desculpas pelo erro de digitação, quando “O Menino Pescador” virou “O Menino Pecador”! Valendo-nos do verso de Billy Ekstine, em “Apologize”, uma das inesquecíveis canções que musicaram a nossa juventude, Reivaldo: “...Forgive me! From the bottom of my heart, dear, I apologize!”
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Amigo Petrônio Braz: O seu “vulto da literatura”, deu nisso: o homem além de não entender tomou a ironia por um elogio! Até agradeceu... Newton Prates, Papai, sempre nos alertou: “Meu filho, jamais seja irônico com as pessoas pouco inteligentes. É um perigo! Limitadas pela ignorância, ou por descaramento, ou ambos, a ironia funciona ao contrário e elas acreditam, com pureza dalma, num elogio!” Como você sabe, Petrônio, o uso e gozo da ironia é coisa para muito pouca gente, pois, indispensável ao seu domínio, tanto para o irônico quanto para o ironizado, são necessários requintes congênitos, tais como excelência de sensibilidade, finura de entendimento, próprias, apenas, às inteligências mais claras. Desobedientes aos paternais conselhos, outro dia, por ironia, citamos os nomes de três “intelectuais” da nossa terra, como “vultos do pensamento e da literatura montes-clarenses”, “garantindo-lhes” que sua maravilhosa obra, na verdade uma indigente produção “literária”, nada ficava a dever aos textos de Cyro dos Anjos e Darcy Ribeiro! Acredite, amigo Petrônio, honradíssimos, além de acreditar, dois “vultos” já nos agradeceram...
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Amigo Wanderlino Arruda: Agradecemos-lhe a gentil e elogiosa referência, em recente crônica, ao nome de Papai, Newton Prates, um montes-clarense apaixonado nascido em Coração de Jesus, que prefaciou o livro de Hermes de Paula. Segundo Mercês Prates, o prefácio ficou melhor do que o livro... Sinceramente, acreditamos que ambos têm o seu valor. Credite-se à afirmação da prima Mercês, ao notável “sprit de corps”, uma característica da família Prates, argamassa da nossa união.
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