Deus! ó Deus! onde estás que não me respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
(Vozes d’África – Castro Alves)
Dário Teixeira Cotrim *
Nós sabemos que no momento presente as escolas procuram incentivar os alunos o gosto pela leitura, isso tanto da prosa como da poesia. Também criam as oportunidades para que esses alunos mostrem as suas habilidades cênicas em declamar poemas de gêneros diversificados. Decorar é algo muito próprio dos adolescentes, mas para que isso aconteça é preciso dedicação e bastante força de vontade. Hoje há inúmeros concursos de recitação de poemas com objetivos claros no campo da pedagogia o que favorece o desenvolvimento cognitivo e sociocultural dos seus alunos. Exemplificando podemos dizer que o Colégio Berllar Imaculada Conceição de há muito vem realizando o valoroso Concurso de Poemas “Irmã Maria de Lourdes” com sucesso inquestionável. Neste ano de 2007 o vencedor deste concurso foi o aluno Vinícius Flávio Almeida Oliveira, que recitou com desenvoltura e talento o famoso poema Vozes d’África, ressuscitando para os tempos de hoje o poeta dos escravos: Antônio de Castro Alves.
Ao ouvirmos a declamação do texto poético de Castro Alves notamos que não é o mesmo que lê-lo silenciosamente, isto porque “a poesia é ritmo que resulta da cadência harmônica entre sílabas acentuadas e átonas” o que Vinícius soube, com extremoso esmero, passar para todos nós essa mágica literária da impressão poética. A exuberante beleza da recitação de um aludido texto poético resulta, sobretudo, na intensidade vocal e na variedade das emoções que cada declamador imprime ao texto apresentado. Volto a dizer, foi exatamente o que fez Vinícius com a gloriosa obra do imortal Castro Alves: Vozes d’África.
Os alunos sabem que declamar é a expressão, em palavras, dos conteúdos da imaginação; é a maneira especial de dar forma aos sentimentos e as emoções. Por fim, é a arte das palavras predominando a busca da beleza e da estética sob a forma da escrita versificada. Além do mais, é a arte de expressar o que é belo por meio da palavra ritmada. Sobre essas observações o público há de levar em conta a intenção pragmática do poema de Castro Alves declamado por Vinícius, verdadeiro divulgador da arte e da cultura poética.
Numa segunda oportunidade o jovem Vinícius repetiu a dose. Declamou o mesmo poema de Castro Alves numa reunião festiva do Rotary Club de Montes Claros – União, evento que aconteceu na Casa do Rotariano para homenagear a visita do Governador do Distrito 4760, o companheiro Roberto Kfuri e esposa. Foi sem dúvida um outro momento mágico com profundo silêncio. Os rotarianos compenetrados ouviram atentamente uma das jóias literárias de Castro Alves, o poema Vozes d’África na fala harmoniosa do jovem Vinícius. No final de sua apresentação, todos os companheiros postaram-se de pé para aplaudí-lo diante do seu impecável desempenho de jovem recitante. Enquanto isso, o governador Roberto Kfuri, orgulhosamente, passava às suas mãos um belíssimo “Certificado” que lhe conferia o justo reconhecimento e a eterna gratidão daquele brilhante momento solene, e com intenso regozijo. No mesmo instante o jovem Vinícius foi condecorado com o distintivo rotário que traz como lema o aforismo “Rotary Compartilha” criado para a gestão do ano rotário de 2007-2008.
A esse excepcional artista da poesia, Vinícius Flávio Almeida Oliveira, que hoje declamou pela segunda vez o poema Vozes d’África com a satisfação de quem semeia alegria, beleza e bondade, queremos agradecer-lhe e também aos seus familiares por esta ímpar oportunidade de podermos reviver os poemas de Castro Alves.
* Rotary Clube de Montes Claros – União