Petrônio Braz (*)
Leio em Malba Tahan (O Homem que Calculava) que uma coleção de fatos tão longe está de ser uma ciência, como um monte de pedras de ser uma casa.
Quando me debrucei sobre os fatos relacionados com a descoberta do exoplaneta Gliese 581 (apelidado pelos astrônomos de Super Terra), que orbita a estrela anã vermelha Gliese 581 da Constelação de Libra, localizado a apenas 20,3 anos-luz da Terra, sem me preocupar com as crenças religiosas, que nasceram em razão dos princípios que definiam a Terra como o centro do universo, fui levado a reler a viagem do navio HMS Beagle (1831-1836) e a teoria da evolução desenvolvida, depois, por Darwin.
Cientistas da NASA disseram que os seres humanos podem sobreviver às condições do exoplaneta.
Manoel Cunha (A longa jornada do Planeta Oberion) numa visão imaginária de um planeta gigantesco, dezenas de vezes maior do que a Terra, nos conduz, com sua criação fantástica, à aceitação da existência de vida inteligente extraterrena.
Em se aceitando a evolução teísta, apoiada pelo Papa Bento XVI, pela qual a vida começou por um impulso divino, Robert Jastrow, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, sugeriu que a vida teria se desenvolvido em alguns exoplanetas 10 bilhões de anos antes de acontecer aqui na Terra.
Os Diários e Anotações de Darwin, referentes à segunda expedição de levantamento topográfico do navio HMS Beagle sob o comando do capitão Robert FitzRoy, nos conduz à aceitação da teoria da evolução, ocorrida na Terra. Se a vida evoluiu na Terra, também pode ter evoluído em outros planetas do Universo, que é sabidamente incomensurável.
O universo visível ao homem, e por ele conhecido, tem um diâmetro de 14 bilhões de anos-luz. Dentro desse universo conhecido, só na Via Láctea, a nossa nebulosa com seus 90.000 anos-luz de diâmetro, existem 200 bilhões de estrelas. No universo conhecido, estima-se que existam 2.000 bilhões de bilhões de estrelas, e todas elas podem formar um sistema planetário como o sol.
Dentro dessas medidas fantásticas e dessa realidade incontestável, afastada a ideia, cientificamente comprovada há anos, de ser a Terra do centro do universo, não podemos continuar a crer que somos os únicos detentores das benesses da vida inteligente.
O ser humano mal está conseguindo definir a existência de exoplanetas em órbita de estrelas próximas, da Via Láctea, o que já é uma prova de que existem planetas orbitando outras estrelas. O fato de não podermos ver, não significa que não existam.
Há mais de dois mil anos, o filósofo Epicuro afirmou que existiam infinitos mundos como a Terra, cada um deles, no seu entendimento, com uma civilização como a nossa.
No correr de cada ano, não mais que isto, lemos nos jornais que astrônomos descobrem novos exoplanetas. A Terra, no contexto do universo, é um grão de areia na imensidão de um deserto. A equipe de investigadores da NASA. responsável pela sonda Kepler anunciou a descoberta de 700 exoplanetas, fora do Sistema Solar.
Estou convencido de que não estamos sós no universo. Não creio, todavia, em visitas de extraterrestres à Terra. Fantasias humanas em busca do real, partindo do imaginário. Nós ainda não conseguimos percorrer as distâncias, com naves tripuladas, dentro do Sistema Solar. Eles, mesmo que evoluídos e possam, em suas naves, atingir a velocidade da luz, levariam anos para chegarem até nós.
(*) Advogado e escritor