Bruno Peron Loureiro
Bacharel em Relações Internacionais
A saúde no Brasil está tão mal que só se salvam os poucos que pagam por um plano de saúde num país que, pelo padrão de arrecadação tributária, deveria ter um dos melhores sistemas públicos de saúde do mundo.
Contudo, o que estamos fartos de presenciar ou informar-se pelos meios de comunicação é sobre filas atabalhoadas de pacientes, falta de recursos, materiais, funcionários e hospitais para atender à demanda com qualidade e rapidez, salários baixos e defasados da equipe, reincidência de infecções hospitalares e doenças anteriormente controladas. Até parece que a saúde não tem sido vista com prioridade pelo governo, ou que a população que tem planos de saúde não está preocupada.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi regulamentado em setembro de 1990 pela Lei Federal 8.080, que definiu seu modelo operacional. Ainda, em setembro de 2000, a Emenda Constitucional 29 determinou que houvesse uma percentagem mínima da receita de impostos destinada à saúde na proporção de 12% dos estaduais e 15% dos municipais. Deste modo, o aspecto negativo é que alguns projetos são empurrados dentro deste orçamento sem que sejam relacionados à saúde.
Para ir direto ao ponto, a pressão das empresas do setor de saúde é o que mais inibe a evolução da saúde pública, que se criou para todos. Uma vez procurei um medicamento numa farmácia do interior paulista e fui informado de que havia até 25% de desconto para quem tivesse algum plano de saúde. Oras, desconto como este precisa quem não tem condições financeiras de comprar o serviço privado. Que contradição insalubre!
Não é de interesse das empresas do setor de saúde que o sistema público dê sinais de melhora, agilidade e eficiência. E promovem o quanto for possível na televisão que ela está cada vez pior. Assim como as seguradoras e administradoras de condomínio não querem que a segurança pública seja boa, nem as escolas e universidades privadas e as faculdades botequineiras desejam que o sistema público de ensino melhore. Senão perdem mercado.
A fórmula da saúde é de difícil resolução, porém algumas medidas ajudariam: aumentar o orçamento destinado à saúde pública, ampliar o acesso à educação para a saúde, burocratizar o funcionamento dos planos privados e reiterar sua existência temporária, conscientizar os usuários destes serviços de que lutem a favor da saúde pública, uma vez que ela já está nos impostos e é um direito de todos. Temos que transformá-la numa garantia em vez de cedermos à apatia.