Logotipo O Norte
Sexta-Feira,20 de Setembro

Uma bomba-relógio

Jornal O Norte
26/08/2005 às 16:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:50

Marcos Aurélio e Renata Rocha

Imagine o que ocorre quando as extremidades de um cano são fechadas. A pressão exercida pela água é tão forte que pode até furar as paredes do cano. É de forma bem parecida que a elevação da pressão arterial destrói as paredes dos vasos sangüíneos e causa sérios “acidentes” cardiovasculares.

A hipertensão não é simplesmente o aumento dos níveis tensionais no interior do aparelho cardiovascular, mas trata-se de uma síndrome clínica, que também pode causar lesões em diferentes órgãos do corpo humano como: cérebro, coração, rins e olhos.

Na maioria dos casos, ela age silenciosamente. Durante anos, a vítima não sente nada, até que acaba sofrendo um infarto ou um derrame. É o caso de Jeanne Medawar, uma costureira de 56 anos, que sofreu derrame há oito. “Eu sempre tomei o remédio para pressão alta, mas achei que já estava melhor e parei com a medicação por conta própria. Hoje, faço um trabalho voluntário na Pastoral da Saúde, orientando as pessoas a seguirem o tratamento corretamente e, assim, diminuírem os riscos de terem outras doenças.”, conta.

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, a pressão arterial ideal deve ser menor que 130 mmHg (milímetro por mercúrio) por 90 mmHg, ou como se fala popularmente, 13 por 9. Podem ocorrer elevações ocasionais de pressão por causa de drogas, nervosismo, fumo, preocupações, exercícios físicos pesados e consumo de álcool e café. Mas pacientes com doenças que podem levar ou agravar a hipertensão, devem apresentar níveis mais baixos que 12 por 8. Outros fatores também podem acarretar a doença, como a obesidade, o histórico familiar, vida sedentária, o diabetes e até a própria raça, já que a hipertensão é mais comum em pessoas negras.




Pacientes hipertensos fazem o controle da doença


na Santa Casa de Montes Claros

O cardiologista Geraldo Alcântara, que atende na Santa Casa de Montes Claros, explica que a maioria dos pacientes é assintomática, ou seja, eles não apresentam os sintomas da doença. Mas há casos em que podem ocorrer dores de cabeça, tonteiras, zumbidos, visão embaraçada e insônia. “Para controlar a pressão arterial é preciso fazer uma reviravolta na maneira de viver e optar por uma das duas formas possíveis de tratamento: com ou sem medicamentos”, orienta o médico.

O tratamento sem medicação tem como objetivo reduzir a pressão e exige uma modificação radical nos hábitos diários como dietas, redução de sal, açúcar, de alimentos gordurosos; evitar o consumo de álcool, cigarro; iniciar a prática de atividades físicas, de três a cinco vezes por semana, e ainda, eliminar o uso de remédios como anticoncepcionais, antiinflamatórios e moderadores de apetite.

Os laboratórios farmacêuticos têm investido em novas drogas que ajudam no controle da doença. A mais nova delas é o Diovan Amlo, que combina o valsartan (inibidor da ação da substância angiotensina, envolvida no processo de aumento de pressão), com o anlodipino (componente que ajuda na dilatação dos vasos sangüíneos). Essas duas substâncias tornam possível a redução dos incômodos causados, separadamente, pelos medicamentos, como dores de cabeça, náuseas e inchaço nas pernas. Porém, qualquer medicamento só deve ser adquirido com receita médica.

Segundo o cardiologista, a hipertensão é uma doença mais comum entre as mulheres, por causa da menopausa, e por isso, é preciso que haja um cuidado específico durante a gravidez. Nesse período, os níveis de pressão podem subir e provocar uma pré-eclampsia ou eclampsia – problema grave, que põe em risco a vida da mãe e a do bebê.

Apesar das estatísticas, tanto mulheres quanto homens devem estar atentos a uma possível “crise hipertensiva”, que pode até levar o paciente à morte, já que o aumento rápido da pressão deteriora os órgãos. “Montes Claros tem uma prevalência muito grande da doença, e os pacientes variam de idade e sexo, com um maior número de casos masculinos. Muitos deles, por não sentirem os sintomas, não acreditam que possam estar doentes, e acham que nada vai acontecer. É preciso, então, ter muito cuidado, pois a hipertensão é como uma bomba-relógio, que pode explodir a qualquer momento”, alerta Geraldo Alcântara.

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por