Valmore Edi Alves de Souza
Na manifestação dirigida à atual Administração e à Política no Município, intitulada “Tristes Dias” e assinada pelo Senhor Athos Avelino Pereira, neste jornal, no dia 8 deste agosto, o ilustre signatário destina também à nós servidores um abraço de tamanduá e uma infâmia ao Sindicato, que me obrigam a comentar, muito a contragosto. Porque pensei que calado, sendo apenas a sentinela zelosa do silêncio sobre o pesadelo de alguns descompromissos do governo passado, não daria repertório aos adversários do patrimônio de sonhos, de esperanças e propósitos nobres, com que conquistamos a prefeitura em 2004. E assim manteria intacta a grandeza de algumas realizações.
Mas sou forçado a quebrar este pacto, por causa exclusivamente da sua versão e opinião sobre os servidores municipais e o Sindicato, que a seu juízo, (os servidores) “sofrem amargamente com as perseguições políticas, corte nos seus salários e são vergonhosamente empurrados com a barriga nas negociações salariais, tristemente assistidos por um sindicato chapa branca”.
Ele não necessitava agir como àquele antecessor tradicional, ao saber que, depois deste semestre, seu fantasma já está exorcizado e não assombra mais o sucessor, e por isto abre a temporada do jogo para a platéia, onde vale tudo, para não ser esquecido. Vale até sentar em cima da cauda, para ocultar o cargo chapa branca num governo que não respeita a dignidade do funcionalismo estadual, e inventar cavalo de batalha sobre fato fictício! É um reforço robusto à escola dos políticos profissionais – àqueles criticados por ele! Mas desejo que se cuide mais, para não fazer jus a ela.
Pois ele mesmo sabe que a sua versão não reflete, e a sua opinião está equivocada sobre a conduta da representação sindical– a Comissão e as Assembléias – porque um sindicato pelego não defenderia os trabalhadores como aqui se tem feito. É só lembrar este ano.
Quando, em janeiro, manifestou-se, e de forma prática, na defesa dos cerca de 4 mil funcionários demitidos, e dos serviços essenciais, interrompidos com essa demissão, porque o governo passado não efetivou a metade do pessoal que permaneceu trabalhando de forma precária nos setores da saúde, da limpeza, da educação e administrativo.
Quando, em fevereiro, fez movimentos e gestões, para resgatar o direito de parte dos salários dos professores e de adicionais cortados indevidamente pela Administração, porque o governo passado deixou sem a regulamentação apropriada. E adentrou março adiante defendendo até o pagamento, pela administração atual, das rescisões contratuais dos ocupantes de cargos comissionados no governo passado, porque ele não pagou.
Quando, em abril, buscou e obteve da Administração o compromisso de restituir os direitos, e de fazer a negociação coletiva de trabalho, tendo iniciado em maio as conversas entre os representantes dos servidores, da Prefeitura e da Esurb, com o Prefeito à frente.
E neste mês a Assembléia dos Servidores analisa, aprovando ou reprovando, os resultados desta negociação, como a correção salarial , os salários dos servidores prejudicados desde 2004, os recursos do Fundeb, para pagar o piso salarial nacional ao pessoal da educação, além do acesso a bancos, convênios, seguro de vida, qüinqüênio, jornada de trabalho, pagamento à fiscalização, reforma administrativa, e tudo que “os servidores sofrem amargamente” como vítimas dos descompromissos passados.
Então, por que uma entidade sindical com esta linha de conduta não defenderia os servidores, até de imagináveis perseguições políticas? Atacar o caráter do sindicato é porque ele está atendendo o interesse dos trabalhadores, e não atendeu a vontade do político profissional? Falta de compromisso para com os trabalhadores não cola no Sindicato! Nem quando desestabilizado no governo passado, depois invadido, dilapidado, ficando sem seus bens materiais, sem seus diretores e desacreditado! Agora, deixe que ele continue a se reerguer daqueles escombros! Servidor não quer carregar mais a pedra até o topo, para ela rolar novamente montanha abaixo.
Tristes dias mesmo, quando esta política não nos diz respeito!