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Quinta-Feira,19 de Setembro

Um pedaço do paraíso

Jornal O Norte
06/02/2006 às 12:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:29

Délio Pinheiro *

O sol desperta com sua força descomunal e avança pelos vales, montanhas e rios do continente em uma fração de segundos. Sua luz encontra as pedras da imensa serra ainda frias da noite misteriosa que, ao contrário da urgência do mundo, vai sendo modificada aos poucos pelo sol, revelando suas belezas, seus rios de água pura, seus vales e suas cachoeiras. Também clareia a fé de seu povo e as belas paisagens que são, talvez, a maior prova que este Deus existe. E, mais do que isso, está presente, como o sol que dá vida à imensa serra do Talhado, que se descortina e se mostra sem pudores.

- A ociosidade baiana e a esperteza mineira parecem ser as qualidades mais aparentes dessa gente serranopolitana...

Cada planta e ser vivo é tocado pela centelha de energia, e adquirem à seu tempo e à seu modo, a claridade renovadora da manhã. O dia nasce primeiro na face oriental da barreira de pedra e só depois de alguns minutos o astro-rei desponta por sobre o paredão e dá vida às planícies, com suas cidades, fazendas e gente apressada, que assistem involuntariamente à um pequeno milagre, o nascer do dia neste canto abençoado de Minas Gerais.

Estamos no município de Serranópolis de Minas, no norte das Gerais, a pouco menos de 200 km da maior cidade da região, Montes Claros. E ainda mais perto do estado da Bahia. A influência baiana é bastante notada, já que alguns dos primeiros moradores do antigo arraial de Jatobá, antigo nome de Serranópolis, vieram do estado vizinho e fincaram suas raízes protegidos pela sombra da imensa serra. A ociosidade baiana e a esperteza mineira parecem ser as qualidades mais aparentes dessa gente serranopolitana, meus semelhantes.

Nenhum lugar no mundo me causa tanta emoção quanto Serranópolis e é lá que pretendo encerrar, algum dia, meu ciclo de vida. Mas isso, é claro, vai demorar muito. Até lá, enquanto estiver enfrentando os desafios da vida, levarei comigo a certeza que terei esse recanto, sempre com sua imensa serra à emoldurá-lo, à minha espera. Tanto para cicatrizar as dores do mundo quanto para me deliciar com o mais belo nascer do sol, aquele que surge por detrás da serra do Talhado e dá vida ao norte de Minas Gerais. E, por que não, ao mundo.

* escritor serranopolitano

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