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Quinta-Feira,16 de Janeiro

Um livro e uma ilha deserta

Jornal O Norte
Publicado em 29/04/2006 às 13:14.Atualizado em 15/11/2021 às 08:34.

Délio Pinheiro *



Na semana passada eu comecei a colher os frutos da enquete que propus aos leitores do Opinião. Para quem não lembra, eu fiz a pergunta clássica da ilha deserta: “Se você fosse pra uma e pudesse levar só um livro, qual seria?”. Citei o renomado crítico inglês Harold Bloom, que disse que ficaria entre a Bíblia na tradução do rei James, as obras completas de Shakespeare, e o “romance dos romances”, Dom Quixote, de Cervantes. Pois bem, não posso dizer que houve uma tsunami de e-mails, mas os que chegaram até mim trouxeram bons subsídios para a crônica dessa semana. Foram quatro opiniões, todas elas femininas e das mais supimpas.



A primeira foi de minha amiga Genecy Adaime, de Porto Alegre. Ela citou o livro “O Rubayat”, de Omar Khayyan que, para ela, tem uma “estética consisa e objetiva, e transita pela filosofia e poesia com naturalidade e elegância”. Uma ótima opção, portanto, para aquelas tardes em que os mosquitos do tédio atacarem em nossa ilha solitária.



A jornalista Railda Botelho, que sempre empresta sua erudição e seu olhar atento à imprensa, citou a autobiografia do também jornalista Samuel Wainer, “Minha razão de viver”. Criador do jornal Zero Hora e ex-marido de Danuza Leão, o magnata do jornalismo tem mesmo boas histórias a nos contar.



Outra sugestão foi de Ana Luisa Tomé, minha amiga de Orkut. Ela tem uma das profissões mais legais que eu conheço. Imagine alguém ser pago para assistir aos filmes do cinema. Sim, não se trata de ganhar convites apenas, mas sim ser pago para ver as peripécias de Kidmans e Cruises por aí. Pois é pobres mortais, ainda existem empregos assim. E como nessa ilha não há cinemas, a Ana disse que levaria “Nem mesmo todo o oceano”, de Alcione Araújo. Um livro, segundo ela, anti-entediante.



Todas essas respostas foram interessantes, mas a solução mais original que recebi foi a da também jornalista Camila Chaves que disse que levaria o livro “Como construir uma jangada em sete dias”. Assim ela poderia atravessar o oceano da imaginação, chegar ao continente e pegar todos os livros que pudesse e, desta forma, povoaria de sonhos os dias tediosos de nossa ilha. Ilha essa que, se prevalecesse minha opinião, seria habitada por pessoas agradáveis e espirituosas como Genecy, Railda, Ana Luisa e Camila e seria cercada por bons livros por todos os lados. E eu numa tarde qualquer, aboletado numa rede branca, comentaria vendo o sol se pôr: “Essa é a vida que pedi a Deus”.



* Jornalista, escritor e radialista


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