Um gesto vale mais que mil palavras

Jornal O Norte
Publicado em 13/07/2009 às 10:16.Atualizado em 15/11/2021 às 07:04.

Sebastião Abiceu


Professor de História 



Parafraseando o pensamento da poeta Dóris Araújo podemos dizer que “ violência é palavra bomba, enquanto paz é palavra-pluma”. Lembremos ainda do que já foi dito:  “um gesto vale mais que mil palavras”. Seguindo as mensagens contidas nesses dois fragmentos  concluímos que devemos ter muito cuidado com o que pronunciamos ou escrevemos, como também com  nossas atitudes com o outro e com as coisas. Por esse motivo,  não basta deixarmos de fazer o mau, é necessário que façamos o bem. Mas o que seria o bem? De forma simples diremos que o bem é tudo aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse. Talvez esta seja a forma mais simplificada de avaliar o bem e o mau.



Pensando na dualidade do bem e do mau, podemos refletir sobre a questão da violência e nos perguntemos: Que é violência? Segundo o dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”. Nesta perspectiva concluímos que  a todo momento sofremos  atos de violência que muitas vezes não definimos como tal,  que,  na maioria das vezes, aceitamos como algo natural ou comum. A violência é uma construção social, sendo quase sempre iniciada nas relações familiares e ampliada no contato com outros grupos.



Identificamos nas relações humanas vários tipos de violência: violência verbal, violência física, política, doméstica, urbana... Nesse contexto, muitos tentam classificar qual é a maior das violências. Tentar classificar de forma gradual a violência, é tentar dizer que a violência em grau menor pode ser aceita, o que não pode acontecer. Temos consciência de que os conflitos, as divergências fazem parte da construção de uma sociedade de paz, mas o que é inadmissível é a falta de respeito ao direito do outro.



Conforme o que diz o Artigo III da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “toda  pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” Não podemos permitir que nos roubem ou nos impeçam de exercer tais direitos. Mas, lamentavelmente,  aos poucos,  estamos sendo “encurralados” em nosso habitat. O que nos faz lembrar o mundo medieval, onde os nobres se protegiam em seus castelos,  cercados por enormes muralhas, enquanto a população servil ficava totalmente vulnerável aos mais diversos  atos de violência.



Na verdade, o que não podemos é desistir. É preciso continuarmos alimentando a esperança da possibilidade de construção de um mundo mais harmônico. É preciso continuarmos lutando para que direitos básicos, como aqueles já citados, sejam de fato respeitados.



Falando em luta, merece destaque a mobilização popular organizada pela comunidade do grande Maracanã. Com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para a necessidade de maiores investimentos em segurança, no sentido de garantir o dom maior, a vida,  a E.E. Dr. Carlos Albuquerque realizou, juntamente com outras instituições locais (E.M. Mestra Fininha, E.M. Dr. Crisantino Borém , CAIC Maracanã, Subprefeitura, escolas particulares, igrejas, comércio local e associações de bairro), uma grande passeata no último dia 10,  saindo da praça central do bairro Maracanã, percorrendo diversas ruas e retornando à praça, onde foi feito um momento de reflexão sobre a importância da preservação da vida, finalizando com uma celebração religiosa. Sabemos que a violência chegou nas comunidades, porém, o que  queremos é evitar que ela se instale, assim disse um dos participantes do movimento.



Que a comunidade do grande Maracanã, continue caminhando e acreditando na força das flores sobre os canhões.

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