Um cenário invisível da educação brasileira

Jornal O Norte
16/12/2009 às 10:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:20

José Aparecido Ferreira de Araújo


Professor

Profetizam-se que decisões e ações são procedidas com frequência, para se ter um ensino  de qualidade e condizente com a veloz evolução da modernidade. Nesse caso, os aspectos modernos se fundiriam com o ambiente restrito das escolas. Se, de fato, isso acontecesse, não veríamos educadores, alunos e demais envolvidos nas instituições de ensino básico, públicas ou mesmo particulares, se depararem com situações desanimadoras diante de boa parcela de alunos que entram, permanecem 12 ou mais anos quase que diariamente nas escolas, sem contar as evasões e retenções, e saem sem ter avançado o quanto deveriam.

E não é apenas na apreensão de conteúdos, mas também nos procedimentos atitudinais, como cidadania, posturas ideais, espírito de equipe, demais valores humanos e capacidade interativa, para lidar com outros indivíduos da sociedade etc. Há até alguns que levam na bagagem, sinais de semi-analfabetismo.

É lamentável sabermos que altos investimentos são disponibilizados para essa área. Só do Fundeb em 2009 foram destinados quase 5 bilhões de reais para custeio da educação, além de outros recursos dos municípios e dos estados. Disponibilizadas centenas de milhares de livros didáticos, de literatura e outros meios de pesquisa nas escolas, alimentação, recreação, transporte seguro etc. E, ainda assim, vermos a educação rumo ao caos.

Não podíamos, no entanto, ver registrada a persistência de alguns aspectos negativos acometidos em alguns personagens do corpo discente, tais como: depredação do bem público, agressões verbais e até físicas a professores, funcionários e aos próprios colegas. Uma oposição aos princípios e aos objetivos da educação.

Antes que o mal cresça ainda mais, é necessário que os motivos e causas sejam identificados, perseguidos e sanados, para por um fim em tais insatisfações. O grau de complexidade é tão elevado que se torna um cenário invisível, onde o místico supera o real, ao presenciarmos, de um lado, pessoas bem intencionadas promovendo debates, palestras, reciclagem de profissionais da área, conferências, mudança nos regimentos internos, mesmo assim, sem alcançar o sucesso esperado. E, do outro, veem-se interferências político-partidárias que podem, de certa maneira, estar contribuindo negativamente nos resultados da aprendizagem, uma vez que a composição de gestores e outros elementos das instituições são indicados para cumprir o duplo papel, que satisfaz as promessas de campanha e nem sempre satisfaz a qualidade de ensino.

A escola ainda enfrenta, na contramão, os aspectos advindos de conjunturas estruturais das famílias e outros entraves sociais, que levam para as salas de aula crianças e adolescentes que não receberam a formação e informações adequadas na latência.

Mas ainda há tempo de imergir esses aspectos negativos na educação. Creio. Bastaria, a meu ver, além de outras centenas de providências: adoção de medidas e decisões rígidas e imparciais por parte dos especialistas da educação, que têm formação para tal. Para isso está extremamente viva a LDB. Sem dúvida, o fiel uso desse instrumento eficaz e capaz de combater todos os males que têm acometido o ensino ideal, diminuiria essa situação caótica. Sem o cumprimento dessa lei, não haverá superação desses males que assolam, permeiam e obstruem o sucesso nas escolas.

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