Luiz de Paula Ferreira
Quando os meus olhos pousaram
Nos teus olhos, os olhos meus
para sempre se tornaram
prisioneiros dos teus
Meu confessor quis saber
a pena que eu mais temia,
eu respondi que era o céu
sem a tua companhia.
Entre as mentiras que a vida
me faz dizer por aí,
a mais cruel e fingida
é a de que te esqueci.
Há tanta luz na doçura
desses teus olhos, Maria,
que após fitá-los, o dia
me parece noite escura.
Meu coração tem um jeito
De que te querer que enternece,
Morando embora em meu peito
É só a ti que obedece.
Teu olhar, doce veneno,
Eu comparo, quando o fito,
A um sol no céu moreno
Do teu rostinho bonito.
Brigamos e da vida ao largo
lancei minhas velas loucas.
Voltei, há um gosto amargo
nos beijos das outras bocas.
Que ninguém plante a saudade,
essa flor eu bem conheço,
carrego uma em meu peito,
só Deus sabe o que padeço.
Para esquecer Iracema
Amei Celina e Mercês,
Vejam agora o meu problema
- me apaixonei pelas três.
No mar verde de teus olhos
sou marinheiro em apuro
a navegar entre escolhos
sem achar porto seguro.
O pai, médico da família,
curou-me o mal do pulmão,
porém os olhos da filha
me matam do coração.