Tributo a minha mamãe - por Ymma Martins

Jornal O Norte
Publicado em 07/05/2008 às 13:47.Atualizado em 15/11/2021 às 07:32.

Ymma Martins



Choro de manso no meu íntimo. Sinto uma inconsolável amargura. Minha vida é vã, sofro serena e sem um grito sequer. Não consigo me abrir com ninguém. Sinto minha mãe bem junto de minha pessoa, querendo me dar as mãos para que eu saiba exatamente o caminho que devo seguir. A apesar de querer me expandir, não consigo.



Dentro de mim me encontro só, cheia de dor, com um silêncio e uma escuridão sem fim. Não sei o que está se passando comigo.



Em minha cabeça vejo imagens constantes da minha mamãe. Que é a pessoa que eu amo. Se pudesse daria a metade da minha vida para tê-la de novo ao meu lado, a outra metade ofereceria ao meu querido papai, para ele ficar sempre ao meu lado.



Sou uma pessoa muito feliz, mas de uma data para cá é que comecei a me sentir triste. Meu problema é ser sensível demais, e com isto conheci a tristeza. Meus olhos estão constantemente torneados de lágrimas, e não posso chorar. Primeiro todos querem saber por que, além disso, eu imaginava que no dia que eu perdesse o meu bem mais precioso, eu teria que aceitar o sofrimento e me contentar de ter sofrido sem um suspiro em vão, sem um gemido no mal mais doloroso, pois o amor é isto.



Um contentamento descontente.



Dentro do meu peito, o meu coração soluça. E sempre no meu peito é aquela guerra. E sempre no meu sono, aquela guerra. E sempre no meu eu, não aquele trauma, e sempre no meu eu, sempre a mesma ausência.



O amor resultou inútil e os meus olhos não choram. Não tenho as mesmas sensações, como quando me sentia eu. Meu mal foi não estar preparada, pois de repente do meu riso se fez o meu pranto, de nossa alegria se fez a minha tristeza, da nossa proximidade se fez distante e sozinho, sei que ela está contente.



Enquanto eu sofro calada, o meu peito é só silêncio.



Meu amor nasceu mesmo antes de entender o que era o amor. Era tudo lindo, momento vivido que não volta mais, delírios, loucuras que agora se transformam em lágrimas no meu coração, em um olhar distante e triste.



Levo uma saudade dos tempos maravilhosos que passamos juntas. Parecia ser um sonho que não tinha fim, tudo maravilhoso e tinha medo de acordar e ver que tudo era passageiro.



Meu silêncio não é a negação das palavras. O rumor das minhas palavras não tem muito sentido. No meu silêncio há um mundo de sentimentos, de idéias e de grandes realidades invisíveis.



Minha cabeça dói constantemente, pois estou muito ligada em um só pensamento.



Gostaria de chorar e não mais parar de chorar pelo que eu não fiz e pelo que deveria ter feito. Como agora, as lágrimas correm pelos meus olhos e, ao invés disso me aliviar e desabafar, fico mais triste, quando lembro dos poucos momentos que pude escutar e viver com o meu bem mais valioso. Minha querida mãe, onde estiver estará eternamente olhando por mim, obrigada por me fazer existir.



Se estivesse aqui, seria o seu aniversário.



Parabéns, mamãe!


Beijos eternos de sua filha caçula

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