O exame para detectar a anemia falciforme passará a ser feito nos recém-nascidos, durante o teste do pezinho. É o que prevê portaria assinada nesta semana pelo ministro da Saúde, Saraiva Felipe.
A anemia falciforme atinge principalmente os negros. Em todo o país, existem quase 13 mil pacientes cadastrados no SUS - Sistema único de saúde, mas a estimativa do ministério é que a doença atinja de 30 mil a 50 mil pessoas.
Além da identificação precoce da doença, a portaria prevê a criação de uma rede pública de serviços de hemoterapia e hematologia, para identificar e tratar doenças falciformes.
Saraiva Felipe diz que o tratamento feito até os cinco anos de idade prolonga a vida dos pacientes. No Brasil, um portador de anemia falciforme vive em média 18,6 anos. Com o tratamento, a expectativa de vida sobe para 47 anos.
- Quando o tratamento se dá até essa idade, nós diminuímos a mortalidade pela anemia falciforme e estamos trabalhando para uma longevidade maior para os portadores de anemia falciforme - afirma o ministro.
DOENÇA SEM CURA
A doença provoca deformidade nas hemácias - células do sangue, que provoca o entupimento de vasos, necrose dos tecidos. O primeiro órgão a ser afetado é o baço, responsável pelo sistema de defesa do organismo. Por isso, em geral, os portadores deste tipo de anemia têm mais propensão a desenvolver infecções.
O ministério da Saúde estima que 3,5 mil crianças nasçam vítimas da doença por ano. As doenças falciformes não têm cura, mas se tratadas podem prolongar e melhorar a qualidade de vida do paciente.
O índice de mortalidade em crianças que não são diagnosticadas e tratadas chega a 25%, segundo dados do ministério. Com tratamento, o índice cai para 2,5%.
A portaria faz parte das ações afirmativas que estão sendo desenvolvidas na área de saúde em parceria com a Seppir - Secretaria especial de políticas de promoção da igualdade racial.