Ajax Tolentino


Advogado e escritor

As pessoas quando ficam mais velhas vão apresentando dificuldades para caminhar, as pernas não respondem mais. 

Em Montes Claros, tinha um mendigo, que segundo dizem, era até culto. Outrora devia ter emprego,casa e boa condição financeira. Mas sem família e sem forças para trabalhar, já bem velho, precisou mendigar para sobreviver. Andava devagarzinho, arrastando os pés. Os malandros gritavam para ele - Quinhentos pelo cadáver! E ai, o culto mendigo não se continha e  vinha os impropérios.

A idade também me alcançou e me fez repensar algumas atitudes. Todos os dias ao fazer a barba, colocava os óculos para melhor enxergar. Mas observando, percebi que estava praticando um “mico”: depois de usar os óculos para fazer a barba, o tirava e passava as mãos no rosto para ter contato com os pêlos não retirados e cortá-los. Aí, concluí: - Deus deu o tato foi também para substituir os olhos. As pessoas que não têm visão, ou quando esta não é boa, usam-se o tato. Isso até para ler! Desde então procuro me barbear usando as mãos.

Relembrar os tempos antigos, como eram as coisas no “nosso tempo” também nos faz refletir. No meu tempo de menino, os bons professores, aqueles que ensinavam mesmo, geralmente eram temidos pelos alunos. Naquela época, diferentemente do que vemos hoje, os “mestres” eram apreciados e respeitados por todos. Um em particular, me marcou mais: o professor de matemática, pois tinha uma peculiaridade. No fim do ano, época das provas orais, aqueles que tinham boas notas, ele repetia a nota da prova escrita e dispensava-os. Os outros que tinham nota ruim ficavam na sala para fazer a prova oral. Ele então falava: - Aluno que não estuda durante o ano comigo, no fim do ano não passa! Só se estudar bastante! A prova oral era naquela base. A maioria dos que ficavam não conseguiam mesmo.

E de lembrança em lembrança me veio essa história à cabeça. Tempos atrás, na escadaria do Fórum, quando ainda em vida, vinha o advogado e Coronel Georgino Jorge, subindo as escadas bem devagarzinho.  Eu estava descendo, e o cumprimentei. Ele falou-me, comprei uns óculos novos, estou tendo dificuldade para subir. Eu respondi: _ Nada Coronel, é a idade Coronel! Sou mais novo do que o senhor e já tenho dificuldade também. As pernas não são mais as mesmas. Ele deu uma sonora gargalhada e falou:

- Você não tem jeito, descobriu meu segredo.   

Outra história engraçada: o proprietário de uma pequena imobiliária, ao receber um provável cliente, vira para ele, com toda pose e fala: - O que o senhor deseja? Espere um momento, que já vou atendê-lo. E com o telefone na mão, dando a impressão de que estava em uma conversa importantíssima diz: -Já estou terminando aqui. O provável cliente então falou:- Eu sou da Telemig e estou aqui para levar o aparelho, pois tem mais de três meses que a conta não é paga e que o telefone do Senhor está desligado há muito tempo! Que “mico”, hein?!

Mulher brava não tem idade, né?! Um idoso foi à farmácia para pegar um calendário, tipo folhinha. Escolheu uma e foi para casa. No outro dia chega à esposa dele reclamando e querendo saber quem tinha dado uma folhinha de mulher pelada ao marido dela. Responderam: - Dona,  aqui tem folhinha  de todo jeito, até de Santo. E cada cliente escolhe a sua. Foi o marido da Senhora  que escolheu essa ai. A esposa que era muito brava voltou para casa e deu aquela bronca no marido. Sem graça, ele tratou de fugir para a fazenda e só voltou quinze dias depois, quando a raiva da mulher já havia diminuído. 

Tem cada uma... Outro dia perguntaram a um conhecido padre a que hora começava a missa das oito horas. O padre ficou muito bravo!! Mas sem razão... Afinal, a missa era marcada para as oito horas, mas o padre só chegava para celebrar de oito e meia para frente!

A bíblia tem uma passagem que causa estranheza. Ela fala que Deus virou para a serpente e falou, de hoje em diante você rastejará. Só esqueceram de dizer como ela andava antes ...Até hoje ninguém sabe!

Essa é de agora! A mudança das rotas e números das lotações está causando a maior confusão na cidade e na vida das pessoas. Mas,  com certeza proporcionando uma vida ainda mais mansa para os proprietários das linhas de ônibus. A tal da integração deverá gerar mais uns oitenta por cento de lucro, embora com certeza, percam uns vinte por cento, quando a os usuários conseguem usar a integração de fato. Mas no fim, ganham sessenta por cento.

E para ajudar eles mudaram todos os motoristas das linhas. Perguntei a muito deles qual era o número da linha antiga do ônibus que estão dirigindo. Eles sempre informam que eram motoristas de outra linha. Isso é para o povo decorar na marra? Os ônibus deveriam ter do lado de fora um adesivo com o número novo do ônibus bem grande e o número antigo logo embaixo, em tamanho menor, até o povo aprender! Do jeito que está o povo só perde, mais uma vez...Eita, Brasil!