José Wilson Santos


zewilsonsantos@hotmail.com

Humorista de mão cheia, doutor Tiririca, que de palhaço só tem o ofício com o qual ganha honestamente o pão de cada dia, fez a melhor piada de sua vida: elegeu-se o deputado federal mais votado do país, com a bagatela de 1 milhão e 300 mil votos. O que venhamos e convenhamos: é voto pra dedéu.

Agora, depois de encomendar a indumentária pra posse -- belo terno, não uma roupa de palhaço --, descobre que querem lhe garfar.

Sacanagem, meu rei! Tiririca ganhou limpamente. Tirando sarro da cara do sistema, mas limpamente, sem comprar votos nem sacanear a cidade com lixo eleitoral, como doutores fizeram aqui e alhures.

Ora, bolas! Se regra que é regra é clara, porque diabos a legislação e a lei não o são?

Se de fato doutor Tiririca é analfa mãe de pai e beto, como estão a dizer agora, depois que ele fez cabelo e barba e passou a mão na bunda do maior colégio eleitoral do país, por que cargas d´água não foi barrado no momento em que pleiteou a legenda?

Por que agora, depois que Inês é morta, é que correram pra checar a escolaridade do deputado mais votado do Brasil?

Doutor Tiririca tem direito à boquinha que ganhou limpamente, sim senhor. Até porque, para fazer a caca que uma pá de caras têm feito no Congresso Nacional, o cidadão não carece ter diploma nem de pré-primário.

Mesmo porque diploma pode não ser comprovante de escolaridade. Pelo menos não para aquela sábia jovem estagiária.

O senhor sabe ler e escrever.

Sou advogado!

Isso é o que está escrito em seu diploma. O que quero saber é se o senhor sabe ler e escrever...

Seguinte: quando pouco, essa garfada que estão tentando dar no Tiririca é uma tremenda falta de respeito aos eleitores que o sufragaram nas urnas - e que votaram porque ele detinha as condições legais de ser votado.

Posso estar errado, já que não saco orra nenhuma da legislação - mas saco de bom senso: se analfabetos não podem ser candidatos, os candidatos deveriam ser avaliados antes de receberem autorização para a disputa. Depois, é sacanagem. 

(A questão da honestidade pode ser notada no ato: aquele que embolsar a caneta, depois de assinar, está desqualificado.)

Doutor Tiririca recebeu legenda, deitou falação e arrebanhou 1 milhão e 300 mil votos, sem que se preocupassem em saber se ele lê e escreve, como manda a lei. Duvidê-o-dó que se lembrariam desse detalhe, se o nobre deputado tivesse levado em pé igual vaca.

Portanto, egrégios senhores do conselho de sentença: deem ao doutor Tiririca o que é do doutor Tiririca.

Orra, meu! O cara ganhou limpamente, decentemente, respeitando a lisura do processo eleitoral. Qualé, mermão!?

Vou meia dúzia de cervejinhas que o mandato do doutor Tiririca será muito mais melhor que o de muito carreirista acampado há trocentos anos no Congresso.

Em tempo: não tenho procuração para falar em nome dele. Agora, se o nobre deputado quiser arranjar uma boquinha pro Degas aqui, que é que tem?

Tô dentro, ora pois, pois!

Falei e disse?