Haroldo Costa Tourinho Filho
Escritor e Músico
Sempre procuramos a justa compreensão do problema histórico dos sem-terra, problema de caráter perverso que nos remete ao Abolicionismo. A sensibilidade para a compreensão do social em conflito de tal magnitude. Nabuco, em sua obra magistral, preconizava não só a extinção global da escravatura, o que julgava apenas o mínimo. Exige também a reforma agrária e a ajuda ao negro, proporcionando-lhe educação e preparo técnico para os vários tipos de trabalho. Parafraseando o mestre, o Movimento dos Sem-Terra é um protesto contra a triste perspectiva de postergar indefinidamente a solução de um problema, que não é só de justiça e consciência moral, mas também de previdência política. Ainda com Nabuco, pensamos que a propaganda reformista não deve se dirigir aos sem terra. Seria uma covardia, inepta e criminosa, e, além disso, um suicídio político para o Movimento, incitar à insurreição, ou ao crime, homens e mulheres sem defesa, e que a lei de Lynch, ou a justiça pública, imediatamente haveria de esmagar. O problema dos sem terra há de ser resolvido pela lei. A violência, o crime, o desencadeamento de ódios acalentados, só podem ser prejudiciais ao lado que tem por si o direito, a justiça, a procuração dos oprimidos e os votos da humanidade toda.