Só quero ver na Copa

Por Eduardo Costa

Jornal O Norte
Publicado em 11/06/2014 às 06:07.Atualizado em 15/11/2021 às 16:51.

Eduardo Costa


Agora que as visitas estão chegando, temos de nos comportar como nossas mães ensinaram: varrer o terreiro, limpar a casa, preparar o café e, se quiserem almoço, terão direito naturalmente aos melhores pedaços, como a coxa de frango, sempre alvo de disputas históricas nas grandes famílias. Ah, as meninas devem por as calcinhas nos devidos lugares, os rapazes pelo menos esconderem as cuecas sujas e todo mundo entrar no clima de hospitalidade que marca nossa gente. Por outro lado, convém lembrar a eles, os visitantes, que têm de retribuir, não exigindo que falemos a língua deles – seja inglês, espanhol ou croata – não falando mal de nossos hábitos e respeitando nossas mazelas.  

Eles não podem falar mal da gente... Nós podemos! No mínimo, cá entre nós, reconhecer que somos um povo especial. Na quinta-feira à noite aconteceu algo que explica o espanto de outros esportistas com práticas comuns nesta terra de Cabral. Depois de seguir pela Antônio Carlos, que tem BRT inacabado, ou pela Cristiano Machado, que também tem “Move” pela metade, o prefeito de Belo Horizonte chegou ao nosso aeroporto internacional, em Confins, o canteiro de obras mais confuso da América Latina. Ainda assim, levou presentes para a seleção chilena, que escolheu Belo Horizonte para sua sede durante a Copa do Mundo. Um dos filhos do prefeito estava com ele. Mas não era apenas o filho... Era, também e principalmente, o secretário de Estado encarregado de todos os preparativos para o Mundial. Os chilenos decidiram descer direto do avião para o ônibus que os levariam à concentração. Os dois Lacerdas, mesmo com autorização da Polícia Federal – a quem compete cuidar da segurança das delegações – foram impedidos de irem até a área de estacionamento das aeronaves. Barrados! A primeira delegação que chega ao nosso Estado para uma Copa tão esperada e as duas maiores autoridades foram impedidas pelo guarda (aeronáutico) de plantão de chegar perto. No dia seguinte, a prefeitura soltou uma nota de repúdio... Eu não faria isso; acho que vexame a gente não espalha.  

Estamos mesmo vivendo tempos de fúria e horror. Na mesma semana, ficamos sabendo, aqui no Hoje em Dia, pela repórter Alessandra Mendes, que a verdadeira causa da saída do oficial que cuidaria de todo o esquema de segurança na Copa não foi desavença profissional... É uma major, que fez a mulher do coronel quebrar metade do gabinete do comandante... Caso de fogo amigo à brasileira! A propósito, o governo decidiu que não vai tolerar mais os fechamentos de vias, mas, na hora de confirmar a notícia, saiu à tucana: “Vai depender de caso a caso...” . Então, estamos combinados: se for uma passeata dos aposentados contra o fator previdenciário ou dos alunos do Instituto São Rafael por mais máquinas de braile, haverá a tolerância democrática; se for professor, servidor da saúde ou mascarado, pau neles! E a Copa nem começou! Haja emoção!

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