Marília Borborema
Hoje, sincronicidade tem gosto de saudade.
No início, designava o encontro; o presente recebido do acaso, da vida.
A sincronicidade me fez reviver momentos outrora vividos muito intensamente... Fez-me sonhar, desejar, e sentir a energia de uma nova paixão.
Como consequência da sincronicidade, “meu corpo abrigou seu sexo”, e eu me senti plena!
Você foi meu “compromisso onipresente” e, como uma poetisa, rimei sincronicidade no meu cotidiano com criatividade – pensei em mil formas de estar com você; com flexibilidade – quebrei a dureza dos meus padrões de comportamento; e, por fim, rimei com cumplicidade – acreditei na nossa parceria.
A sincronicidade teve o gosto de um conto de fadas.
Certo dia, houve a sincronicidade com a minha própria vida. A construção da história de vida é contínua, e outros momentos se fizeram sincrônicos e me acordaram.
A história de vida tem de continuar.
E sem respostas! Uma protagonista não precisa de respostas prontas. Respostas são constructos.
E assim, percebi que o “gosto da noite não se encontrava nas duas bocas”.
E como no lampejo de uma sincronicidade, tive de ter coragem para não desejar mais você...
Coragem! E tive de dizer sim ao futuro!
Dizer sim às possibilidades de novos acasos. Um acaso comigo mesma. Um acaso para eu descobrir que a sincronicidade, com todas as suas representações e todos os seus desdobramentos, não poderia se transformar em humilhação, mas sim em humildade.
Humildade, também rimando, para admitir o fim do que foi só acaso.
Humildade para buscar novos sonhos, novos pensamentos, padrões, e parcerias.
Outro dia, ainda apreciarei a sincronicidade. Olharei o acaso e sentirei o gosto do encontrar, do receber o presente.
Hoje, sincronicidade é saudade.
(E é vontade de dizer que valeu! Um beijo. 04 de agosto de 2009)