Felippe Prates
O primeiro passo para mudarmos nossa atitude em relação ao sexo é a entrega. As pessoas pensam que antes de se permitir ter qualquer prazer precisam resolver todos os seus problemas. Não é bem assim. Muitas vezes nós os resolvemos quando estamos alegres e aceitamos o prazer como uma bênção. No ato sexual ocorre algo interessante: somos extremamente generosos e a nossa maior preocupação é justamente com o parceiro. Achamos que não vamos conseguir lhe dar o prazer que ele merece e a partir daí o nosso prazer diminui ou desaparece por completo.
À primeira vista, esta, pode parecer uma demonstração de amor mas, na verdade, é um ato de culpa achar sempre que estamos aquém das expectativas dos outros. Numa situação como esta, a palavra “expectativa” precisa ser banida. Se estivermos dando o melhor de nós mesmos, não há porque nos preocuparmos. É preciso ter a consciência de que, quando dois corpos se encontram, ambos estão entrando juntos num território desconhecido. Transformar isso numa experiência cotidiana é desperdiçar a maravilha da aventura. Se, entretanto, nos deixarmos guiar nessa viagem, terminaremos descobrindo horizontes inimaginados.
Os segredos são os seguintes: primeiro, você não está sozinho. Se a outra pessoa o ama, está sentindo as mesmas dúvidas que você, por mais segura que possa parecer.
Segundo: Abra a caixa secreta de suas fantasias e não tenha medo de aceitá-las. Não existe um padrão sexual e você precisa encontrar o seu, respeitando apenas uma proibição: o de jamais fazer algo sem o consentimento do outro.
Terceiro: Dê ao sagrado o sentido do sagrado. Para isso, é preciso ter a inocência de uma criança, aprendendo a aceitar o milagre como uma bênção. Seja criativo, purifique sua alma através de rituais que você mesmo inventa, como seja criar um espaço especial, fazer oferendas, aprender a rir com o outro para quebrar as barreiras da inibição. Acredite que você está vivenciando uma manifestação da energia de Deus.
Quarto: Explore seu lado oposto. Todos nós temos no nosso corpo, na nossa alma e no nosso espírito uma ou mais características do sexo oposto, por mais que esperneiem os machões de plantão, os inevitáveis ignorantes, insuportáveis idiotas da objetividade. É da nossa natureza, inerente, visceral e não existe qualquer comando sobre isso, seja de ordem física ou mental. Assim, segundo a conhecida perua Marta Suplicy, a rainha da vulgaridade, “relaxe e goze”... Exercendo esta verdade inexorável, portanto, se você é homem, procure, às vezes, pensar e agir como mulher e vice-versa. Atenção: Olho vivo! Cuidado para não perder o caminho de volta...
Quinto: Entenda que o orgasmo físico não é exatamente o objetivo principal de uma relação sexual, mas apenas e certamente uma conseqüência de inúmeras condicionantes e preliminares, que podem ou não acontecer, principalmente numa primeira vez. O prazer nada tem a ver com o orgasmo, mas com o encontro.
Sexto: Identifique seus medos e divida-os com o seu parceiro. Você poderá ter uma agradável surpresa, ao surgir uma solução que não lhe ocorreu. Quando isso acontece, torna a interação muito gratificante, aproximando mais ainda as pessoas.
Sétimo: Importantíssimo! Permita-se ter prazer. Assim como você está ansioso para se dar, a outra pessoa também quer o mesmo.
Quando dois corpos se encontram, se ambos querem dar e receber, todos os problemas desaparecem e, com os corações disparados de tanta realização pessoal e alegria, a vida se torna uma beleza...
Referência: Revista “O Globo”.
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