Manoel Freitas
Seu sossego imorredouro e beleza de causar vertigem são o retrato de Minas, tão nobres quanto seus mais raros diamantes, ouros, cristais e turmalinas.
Portal da natureza por onde o sol, preguiçoso e manso, esconde as suas labaredas no horizonte, quando a noite, serenamente, rouba a majestade do dia.
Parque sem limites onde os anjos – desconhecendo o perigo – brincam como meninos quando não estão no céu, sem se importar em que direção se move as nuvens ou o que se esconde em seu infinito véu.
Sendo gigante pela própria natureza, cabe a você, noite e dia, aquecer o vento que a açoita e as nuvens que a afagam, como uma mãe abnegada e zelosa acalenta os filhos seus.
Mesmo com o coração empedernido, bem mais próxima de Deus você pode ouvir - como ninguém - a voz dominada por paixão que vem do fundo do meu peito.
O mergulho eterno em silêncio sepulcral não a impede de revelar sinais de desalento e dor quando seu dorso é mutilado e o tronco das árvores que a ornamentam amputados, como numa batalha sem trégua e muito menos fim.
Mesmo grandiosa, em cena você se contenta em figurar como pano de fundo do mundo de quietude que pinta – em traços fortes – o viver pastoril do homem do Norte.
A árvore-mãe que a emoldura, depois de cumprir sua missão, todo o dia morre um pouco, como nós, mas se conforma em emprestar sua elegante forma à paisagem.
É em remanso que as nuvens a transformam quando buscam descanso, de onde contemplam a serenidade e a leveza que reinam nas outras obras-primas da natureza.