Samuel Nunes *
Nunca vamos nos acostumar com a morte. A dor da separação realmente é indescritível. Só de pensar que não teremos contato, não conversaremos, não vamos encontrar mais a pessoa querida, é doloroso e angustiante. Outro dia desses encontrei o meu amigo jornalista Eduardo Brasil e aproveitei a oportunidade para parabenizá-lo por uma crônica escrito por ele a respeito da perda irreparável do seu cão Jack e, por conseguinte, também acompanhei, através da leitura do texto de Raphael Reys, o seu carinho e apego pela sua cadela Madona, que também falecera.
- Sua voz representava para mim boas notícias do meu azul 5 estrelas, o maior de Minas.
Na madrugada da última segunda-feira, eu me deparei, através do programa Itatiaia é a dona da noite, do locutor Hamilton de Castro, da rádio Itatiaia, sobre a morte do locutor Carlos César Franco Gomes, mais conhecido como Pingüim, ex-plantonista e repórter esportivo da rádio Itatiaia. Ah, já estou com saudades do Pingüim. Criei uma relação de proximidade com esse locutor quando ele cobria, pela Itatiaia, as notícias do Cruzeiro esporte clube de BH. Sua voz representava para mim boas notícias do meu azul 5 estrelas, o maior de Minas.
Uma vez mais digo que o rádio tem proporcionado, para mim, momentos de extrema felicidade e, ao mesmo tempo, de saudades e de dor. Dor pela perda de grandes nomes do rádio pelo Brasil. Como você, caro amigo Eduardo, chorou pela morte do seu inestimável Jack, eu também choro pela morte de nomes do rádio como: Edimo Zarifi, da rádio Globo do Rio; ainda hoje é possível ouvir sua voz. Mesmo depois de morto ele ainda faz sucesso. Ou quem não se lembra ou já ouviu em jogos da seleção brasileira o grito de Brasil... sil... sil... sil! É dele essa voz, é do Edimo Zarifi a criação desse jingle.
Outro que me deixou saudades e que, confesso, copiei o modo de ele dirigir o seu programa quando eu iniciei minha paixão pela comunicação em uma rádio comunitária é José Nardel. Ah, que saudades da força jovem do rádio, pois era assim que ele era chamado quando esse narrava alguma partida de futebol. Infelizmente, não tive a oportunidade de conversar pessoalmente com Nardel e, sobretudo ele, Nardel, não viu o nosso Cruzeiro esporte clube ser campeão brasileiro, ou melhor dizendo, ele não viu o nosso time do coração ser campeão da tríplice coroa em 2003. Ah, quanta falta faz o Nardel para a imprensa e, conseqüentemente, para as ondas do rádio! Sinto uma dor imensa em saber que não ouço mais a voz marcante e inigualável do moço de Mirabela. Essa foi realmente uma dor irreparável.
Outro que me deixou saudades é o Coragem para dizer a verdade. Falo do mestre Oswaldo Faria. Com seus comentários contundentes e verdadeiros, ele conquistou a minha audiência pelas ondas da rádio Itatiaia de Belo Horizonte. Como diz em seu texto Raphael Reys, as lágrimas e a dor no meu coração ainda me dominam com a morte, em 1998, de Oswaldo. Pelo menos, Oswaldo deixou para nós um legado, que é seu filho Bob Faria, que atualmente empresta o seu talento para a Rede Globo Minas.
Encerro este texto dizendo que é com tristeza e emoção que estou tentando aceitar a morte do Franco Gomes, Pingüim. Nós, seres humanos, não fomos criados para morrer, é difícil aceitar a perda de um ente querido. Já observaram que todos os dias morre alguém e nós nunca nos acostumamos? É por isso que procuro viver cada dia como se fosse o último em minha caminhada nesta terra.
- Voltando ao Franco Gomes Pingüim, recebi um e-mail na segunda-feira do diretor de esportes da Itatiaia, Júnior Brasil.
Tenho procurado valorizar as pessoas com quem eu tenho contato em vida. Sabem por quê? Porque é em vida que temos que destacar as virtudes das pessoas com quem lidamos diariamente. As pessoas que citei acima escreveram a história de suas vidas nas páginas das suas respectivas existências. E você e eu, caro amigo leitor, o que temos escrito no livro da nossa vida? Se eu e você morrêssemos agora, o que as pessoas diriam ao meu e ao seu respeito? O que de bom deixaríamos para as pessoas que nos cercam? Estas são perguntas que devemos responder de maneira bem subjetiva e racional, lembrando que cada dia da nossa vida é uma oportunidade que temos de mudar, e para melhor.
Voltando ao Franco Gomes Pingüim, recebi um e-mail na segunda-feira do diretor de esportes da Itatiaia, Júnior Brasil. Ele me disse que o Pingüim decidiu sair dos holofotes e que gostava de ir ao seu sítio. Outro que mencionou com carinho o nome de Carlos César Franco Gomes, o Pingüim, foi o jornalista Neuber Soares em sua coluna na no site super esportes. Para retratar o quanto Pingüim era querido no meio, resolvi transcrever parte do texto do Neuber Soares:
“Mais um ícone da Falange azul-estrelada partiu desta para uma melhor. Estou falando de Carlos César Franco Gomes, mais conhecido como Pingüim, ex-plantonista e repórter esportivo da rádio Itatiaia, onde o conheci entre os anos de 1986 e 1988, quando ali trabalhei como setorista do fórum Lafayete.
Pingüim era tratável, amigo, mas acima de tudo profissional e cruzeirense ferrenho. Lembro-me de uma imagem que nunca mais me saiu da memória. O Cruzeiro estava numa pindaíba daquelas, não conseguia fazer um gol sequer e perdia praticamente todos os jogos.
Naquele dia, não me lembro mais o adversário nem a data, mas apenas a imagem de Pingüim, atrás do gol dos adversários. A redondinha, arredia com a falta de qualidade de nossos jogadores, insistia em não balançar as redes e aquilo já estava ficando angustiante.
Até que, por um gesto de magnitude, de grandeza do Criador, ele permitiu que o gol saísse. Sem poder se conter, Carlos Pingüim, num gesto de desabafo, chutou a redondinha nas redes, como que a dizer:
- Tá vendo, fez tantas negaças e agora está aí, concluindo finalmente uma jogada de gol do meu querido Cruzeiro.
* jornalista