Ricardo Junior
Jornalista
Como não nos horrorizarmos com o recente terremoto ocorrido na China, matando 55 milhões de pessoas? Como não ficarmos tristes e preocupados com o que está acontecendo na Índia, onde multidões estão morrendo pelas catástrofes naturais e pela fome e doença que assola as pessoas vítimas de uma política covarde e ditatorial dos seus governantes? Nos dói profundamente tanta miséria e desespero.
Estamos correndo o risco de uma catástrofe mundial. O Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas concluiu ano passado o que todos já sabiam sobre o relatório à respeito do clima no planeta. O documento alerta para o que chama de “impactos irreversíveis” se não forem tomadas medidas concretas para conter o aquecimento global.
O primeiro relatório mostrou as provas científicas de que o aquecimento global existe, está chegando mais rápido do que os pesquisadores previram, e que a culpa é nossa, os humanos, que queimamos combustíveis fósseis para produzir energia, provocando o efeito estufa.
No ano passado, foram detalhadas as conseqüências e as previsões pro futuro: o urso polar, o símbolo do mundo aquecido, condenado a extinção com o derretimento das calotas polares junto com um terço das espécies animais e vegetais, países inteiros sob as águas, parte da Amazônia condenada a virar cerrado. Fui uma das pessoas que assinou a carta produzida por artistas da globo e que será entrega ao Presidente Lula e ao Senado Federal, pedindo urgência contra a destruição da Floresta Amazônica. Sei que a Amazônia é imensa, mas é inaceitável o que ocorre com a destruição provocada pelos madeireiros (causando inclusive muitas mortes). Sabemos que muitos políticos estão envolvidos e recebendo muito dinheiro, o que é uma vergonha. Na Carta Amazôniaparasempre conseguimos mais de um milhão de assinaturas.
Todas as informações de milhares de páginas sobre a mudança climática foram resumidas em 20 páginas em Valência, na Espanha, uma referência rápida para governos na hora de tomar decisões sobre políticas futuras. O relatório, aprovado por unanimidade pelos governos de todos os países para que todos tenham responsabilidade, não pode ficar somente no papel. Na Indonésia, governantes do mundo inteiro se reuniram para tomar uma decisão fundamental para o futuro do planeta: como cortar as emissões de gases que provocam o efeito estufa.
O grande desafio será chegar a um acordo de redução de emissões que seja aceito pelos Estados Unidos, o maior poluidor, e também por países em desenvolvimento como a China e a Índia, que já ocupam o segundo e terceiro lugares no ranking e garantiram a compensação financeira para os países mais pobres, que pouco contribuíram para o efeito estufa, mas deverão ser os mais castigados pelo aquecimento global.
Há muito temos visto as mudanças climáticas com preocupação. Os ciclones, terremotos, maremotos e tantas outras catástrofes que tem destruído países inteiros e matado milhares de pessoas, é a forma mais direta que a natureza tem usado para dizer: parem de destruir nosso planeta!
Claro que todos temos que fazer nossa parte, mas os governos têm a obrigação de investir em políticas públicas contra a poluição e degradação ambiental. Pensem bem o que nossas crianças sofrerão no futuro, com o risco de não termos “ar puro para respirar”. E pior, não termos água doce (como já acontece em vários lugares) para sobrevivermos.