José Wilson Santos
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Degas aqui não saca patavinas dos meandros da aplicação das leis, mais isso não me tira o direito de achar que os criminosos responsáveis por milhares de mortes e aleijões no trânsito, ano após ano, têm a cumplicidade do Estado.
Não dá para entender, por exemplo, senão como ato criminoso de co-responsabilidade do Estado, que um cidadão inabilitado seja preso quatro vezes dirigindo embriagado, e ganhe nova chance para matar uma criança e ferir gravemente o pai.
As pessoas continuam morrendo como moscas nas ruas e nas estradas, em acidentes que poderiam ser perfeitamente evitados, se houvesse a preocupação de evitá-los. E continuarão morrendo, pois não há – desgraçadamente — a quem ou ao que apelarmos para mudar esse estado de coisa.
Quando muito, uma ou outra vida sai pela bagatela de R$ 2 mil, valor máximo da fiança às vezes arbitrada, que os homicidas pagam para deixar o xilindró e responder em liberdade a processos que, via de regra, não resultam em ôrra nenhuma.
Parece não restar dúvidas de que o Estado está se lixando para os mortos e os aleijados do trânsito. A instituição e seus prepostos, que parecem apenas estar autoridades, permanecem criminosamente indiferentes à carnificina que tem a chancela de bêbados e outros irresponsáveis que ignoram a legislação.
Certamente estimulados pela impunidade que graza do Oiapoque ao Chui, certos bêbados chegam ao cúmulo de praticar roleta-russa com seus automóveis, dirigindo na contramão por dezenas de quilômetros, em Brs, até matarem.
Milhares de famílias perdem entes queridos anualmente, e um sem número delas seus arrimos. Passam por todo azar de dificuldades, abandonadas, ignoradas, debochadas por um Estado que, por sua criminosa omissão, é tão homicida quanto aqueles que sob sua chancela praticam crimes no trânsito.
Tevês mostram todos os dias imagens de acidentes estarrecedores, medonhos, assimilados com espantosa naturalidade, como se fosse natural alguém encher o caneco — alguns a ponto de mal se aguentarem sentados — e sair dirigindo por ruas e estradas.
Conta-se nos dedos das mãos os casos, em todo o país, em que há uma reação mínima com vistas à punição. A criminosa omissão do Estado para com a carnificina no trânsito, passa a sensação de que não existe direito à vida fora dos carros.
O órgão mais sensível do corpo humano brasileiro é o bolso. Talvez seja por aí que se esboce uma reação. Multas de trânsito, principalmente aquelas destinadas a coibir situações de riscos, devem ter valores astronômicos, levando o cidadão a pensar cem vezes antes de desrespeitar a legislação. E prazo mínimo para pagamento.
Apanhado ao volante após ingerir bebida alcoólica em quantidade acima do permitido, o que torna impróprio o ato de dirigir, o cidadão deve pegar meses de cana dura e ter a habilitação suspensa por alguns anos. Em caso de reincidência, penalidades em dobro.
Quem mata criminosamente no trânsito, deve ser enquadrado criminalmente e obrigado, por lei, a bancar, com seus bens e patrimônio, a subsistência da família que ficou sem seu arrimo.
Solta do jeito que a coisa vai, não demora e teremos que montar barricadas em volta de nossas casas, para que os motoristas não nos matem lá dentro. Exagero? Hoje em dia quem ganha salário mínimo pode adquirir veículo. Já imaginou, Índio Velho, quantos milhares de novos motoristas estrearão anualmente, com o direito de nos matar impunemente?
Salve-se quem puder!