Salve as pererecas!

Jornal O Norte
Publicado em 31/08/2010 às 09:39.Atualizado em 15/11/2021 às 06:37.

José Wilson Santos


zewilsonsantos@hotmail.com



A vida ensina que em determinados momentos, para o bem de todos e a felicidade geral da nação, é conveniente engolir sapos. Concordo plenamente. Mas, por conta da criação machista, prefiro as pererecas.



O Degas aqui garante que o conselho explícito no dito popular nos livra de poucas e boas e deve ser seguido à risca. Quem, como eu, tem a sapiência de cair de boca nas pererecas, sabe evitar confusões e atritos desnecessários, que costumam gerar tudo o que não presta e colocar as pessoas  em pé de guerra por qualquer dá-cá-esta-palha.



Sou engolidor de pererecas desde muito cedo, razão pela qual, índio velho, não me lembro da última vez em que me meti numa confusão.



Exímio ponta esquerda, um dos primeiros a serem convocados quando formavam a equipe de futsal da escola, o Degas aqui só não parou num grande clube porque começou tarde no futebol. Exatamente porque preferia brincar de casinha com as vizinhas. Meninas hoje na faixa dos 40 e tantos, sabem muito bem que brincar de casinha não tinha graça nenhuma se não tivesse pai ou médico na área.



Eu não poderia deixar de atender as vizinhas, tadinhas, que precisavam de mim para brincarem mais gostosamente. Só deixei de brincar de casinha depois de molecão, porque a velha prometeu me arrebentar no cacete se chegassem mais reclamações em casa.



Os pais das vizinhas não entenderam meu espírito altruísta, começaram a reclamar pra dedéu e a velha ficou brava. De qualquer maneira, já havia tomado tanto gosto pelas pererecas, que mantive vida afora o hábito de cair de boca nelas e ficar bem longe de ziquizira.



É sábio o homem que engole perereca, índio velho. É preciso ser muito macho para isso. É mais fácil dar vazão à estupidez, baixar o espírito troglodita e quebrar o pau, que relevar coisas perfeitamente releváveis, que partem de gente absolutamente relevável.



Tem gente que mata ou morre por conta de um parachoque amassado, uma lanterna quebrada, uma buzinada de quem vem atrás.



Ou sai no braço porque tem alguém olhando para a namorada. Homessa! Como é que o sujeito arranja uma mulher bonita e não quer que despeitados de plantão olhem para ela?



Aliás, me diga aqui, índio velho, você que é um cara esperto: que graça tem andar com uma mulher maravilhosa a tira-colo, se ninguém olha pra lebre que a gente está abatendo? Como é que fica o nosso ego?



Êta que quá! Um mulherão ao seu dispor! Quer situação melhor para aprender a engolir perereca e evitar atrito besta?



Portanto, caríssimos, em nome da boa convivência, da harmonia e da paz entre os homens de boa vontade, um viva às pererecas!



Engolir uma perereca por dia é coisa prá macho, índio velho, não para encrenqueiros de plantão. Esses, por sinal, levam boa parte da vida justamente arranjando encrencas, ao invés de sabiamente buscarem as pererecas, que acalmam, evitam o estresse e depois dão um soninho bom pacas.



É por isso que eu vos digo:



– Adoçai as pererecas ao seu redor. Vai que um dia pinta uma situação em que sobra para você engoli-las!



Falei e disse?

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