Marcelo Valmor
Professor e articulista político
O recente escândalo envolvendo alguns deputados estaduais nem de longe mancharam a imagem do deputado Ruy Muniz (DEM) naquela casa. Para quem não sabe, alguns deles recebiam e endereçavam à assembleia estadual notas frias de forma a apropriarem de maneira indevida de verbas destinadas à divulgação dos seus mandatos. O Ministério Público está apurando a participação de uma gráfica de Belo Horizonte que supostamente teria imprimido jornais que nunca existiram, ou existiram em quantidade inferior àquela constatada nas notas.
Também não manchou a imagem do então vereador Ruy Muniz o escândalo conhecido como pombo correio. Na época, vereadores acostumados a uma prática ilícita, mas comum à câmara municipal, forjavam notas e ficavam com a diferença dos valores destinados à postagens da correspondência dos seus mandatos.
Há muito que observamos vereadores transformando a representação legislativa em emprego, haja vista os vários mandatos que se sucedem, sem procurarem fazer da representação política aquilo que historicamente ela se constitui, o que não ocorreu com o então vereador Ruy Muniz, já que tão logo foi possível, “passou” o seu lugar para outro e se candidatou à assembléia estadual.
E o mesmo não anda ocorrendo com seu mandato de deputado estadual. Sabedor que a maior fonte de recursos se encontra em âmbito federal, assim como a disponibilidade de recursos para emendas parlamentares triplicar se comparada a assembleia estadual (o que representa um atendimento maior a várias comunidades e associações), agora projeta seu nome para fora do estado em direção ao Congresso Nacional.
Todos esses fatos são de domínio público, mas nenhum deles dito de forma organizada e disposta a chamar a sociedade civil montesclarense para o debate. E de tudo o que foi dito acima, há de se chegar a duas conclusões. A primeira é que nos dois grandes escândalos envolvendo tanto à câmara municipal da época quanto a assembleia legislativa de agora, o nome de Ruy Muniz não estava presente. Segundo, e diante do óbvio, ele não faz da política carreira, posto que não “esquentou” cadeira em nenhuma das funções para as quais foi democraticamente eleito.
Quando completa cinquenta anos (aniversariou no dia 02/05), o norte de suas ações se volta ainda mais ao campo político, traçando uma linha de atuação para fora do estado e, num segundo momento, voltar para os seus e se apresentar como uma opção consistente, arrojada e de sentimento público apurado visando futuras eleições.
Em uma cidade onde a renovação das lideranças políticas anda a passos de tartaruga, a trajetória de Ruy indica que há possibilidade de vermos formada, em curto prazo, uma nova representação política, capaz de ligar a cidade e região ao campo da informação e do estabelecimento de redes sociais mais consistentes, modernas e duradouras.
Para que não fiquem dúvidas, a sua emergência no campo político, ao contrário do que pensam alguns, poderá representar uma emergência maior de lideranças dentro do PMDB, PT, PPS e outros partidos políticos, e que atualmente não encontram espaços de atuação maior dentro das suas siglas. Por isso mesmo, pensar na cidade é pensar em alguém que pode, a despeito de uma certa resistência, abrir espaços políticos para que a maioria da população possa ser realmente representada.
É oportuno que nesse momento, e aproveitando deste espaço, desejo a Ruy Muniz os parabéns por mais um aniversário realizado, e a esperança de que os setores organizados da nossa sociedade passem a refletir sobre o que é possível e concreto de se conseguir em curto prazo.