Alberto Sena
Jornalista
A Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, o Ibama e os ambientalistas brasileiros devem correr em socorro à Serra da Canastra, onde nasce o Rio São Francisco, por causa da ameaça que paira na região: o projeto (PL no. 1517/2007), desengavetado no Congresso Nacional, de autoria dos deputados mineiros Carlos Melles, Odair Cunha, Maria do Carmo Lara, Geraldo Thadeu e Rafael Guerra, filiados ao DEM, PT e PSDB, que reduz a área de proteção da Serra da Canastra.
Enquanto no mundo inteiro pipocam sinais da agonia do planeta, de todo modo devastado, no Brasil, e em Minas Gerais, particularmente, que detém patrimônio ambiental riquíssimo, deputados fazem ouvidos moucos, e com a aquiescência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), querem reduzir a área de proteção da Serra da Canastra para garimpo de diamantes.
Apesar de todos os sinais devastadores vistos pelo espelho retrovisor, as consequências da falta de planejamento e de uma política de sustentabilidade ambiental, saltam aos olhos dos envolvidos os dólares enterrados.
Não se leva em conta o fato de ali nascer um rio de repercussão nacional, rio agredido a partir da nascente, onde o seu curso já é desviado pelo garimpo.
O Rio São Francisco sente os impactos da transposição para os estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte e todo ano é lambido pelo fogo, como aconteceu em agosto, quando teve queimados 40% de sua área. Sem falar da poluição das águas por dejetos de esgoto dos municípios banhados, os resíduos industriais recebidos e a devastação das matas ciliares.
Ao invés de buscarem solução para os problemas socioeconômicos dos brasileiros hoje vivendo o drama do congestionamento do trânsito nas grandes e médias cidades do País; o analfabetismo que grassa em todas as direções; e a falta de saneamento básico, há quem se utiliza do voto dos cidadãos para legislar em causas no mínimo controversas.
Quem tiver a oportunidade de conhecer a nascente do Rio São Francisco deve fazê-lo para apreciar e aprender a valorizar um espetáculo sem igual, sob a vigilância de uma imagem de São Francisco de Assis, testemunha muda das mãos que todo ano ateiam fogo no Parque da Serra da Canastra.
Às vésperas de eleição, a notícia da possibilidade de nova agressão contra a Serra da Canastra cai com o impacto de uma bomba. Mas há tempo suficiente para os eleitores reverem alguns conceitos. À beira da exaustão diante da indiferença como o patrimônio ambiental dos brasileiros é tratado, os eleitores devem refletir bem antes de irem às urnas.
Votar só para cumprir com a obrigação não vale mais. Agora vale conhecer a biografia dos candidatos, a sua índole, além do partido e quem os cercam.
Que toda gente tenha a sorte de votar certo no dia três de outubro para não ter do que se arrepender depois. Todo cuidado é pouco com os políticos que só querem se arrumar na vida a custa dos votos mineiros.