José Wilson Santos
zewilsonsantos@hotmail.com
Quanto a você eu não sei, Índio Velho, mas eu já sei o que farei quando autoridades ou seus prepostos aparecerem nos meios de comunicação, defendendo a reeducação de motoristas, tadinhos, que de tão mal educados andam transformando veículos em armas letais.
Acionarei o Ministério Público!
Deve caber processo por cumplicidade nessa carnificina que é marca registrada de nossas ruas e estradas.
Reeducar o escambau, meu!
Acaso você já ouviu falar, Índio Velho, que SPC reeduca mau pagador antes de lascar o nome dele na lista negra e o impedir de comprar até remédio e comida no crediário?
Ou que polícia reeduca meliante antes de grampeá-lo?
Que Vara de Família reeduca pai que não paga pensão, antes de mandá-lo para o xilindró?
Clube de futebol reeduca treinador, antes de dá-lhe um pé na bunda diante dos maus resultados?
Já ouviu dizer que o Leão reeduca contribuinte que sonega, antes de enfiá-lo na malha fina e recuperar o preju?
Então, que estória é essa de reeducar motorista?
Se o cara tira carteira de habilitação e torna-se apto a dirigir, deve estar também apto a seguir as regras do jogo, obedecer as leis, sinais, convenções e o bom senso no trânsito.
Principalmente, deve responder na chincha pelo que faz atrás do volante. Esse é o código para que ele pense 10 vezes antes de sair feito doido, às vezes alcoolizado, por ruas e estradas.
Motoristas parecem estar à vontade para transgredir no trânsito e aonde mais lhes der na veneta. Sinal de que a lei não anda impondo respeito nem metendo medo.
Relaxou, como relaxaram os bons e velhos costumes que outrora faziam a pessoa corar, avermelhar-se nas faces, baixar os olhos diante das outras quando pisava na bola.
A zona no trânsito ceifa centenas de vidas numa carnificina diária, país afora. Como mudar esse estado de coisa, se quem viola a lei e mata, não é punido?
A gente fica perplexa quando ouve autoridade dizer que é a solução para a problemática do trânsito é reeducar o motorista, como se respeitar leis seja questão de educação, não uma obrigação.
É a insustentável leveza da lei que motiva motoristas a fazerem o que querem, do jeito que querem, na hora que querem.
O resultado é dores e lutos que não têm fim.
Nosso trânsito mata mais que qualquer conflito armado da atualidade. E pelo andar da carruagem, ou melhor, dos veículos, vai continuar matando.
A não ser que os irresponsáveis comecem a dar com os costados no xilindró, passem a ter o encargo do sustento das famílias que perdem seus arrimos, mortos por quem se comporta como dono exclusivo de ruas e estradas.
Do jeito que está, qualquer dia um maluco sobe num prédio, dispara contra a multidão e vai embora impune, depois de ouvido, alegando que não teve intenção de matar ninguém, já que não mirou em alguém especificamente. Não é isso o que faz um motorista desembestado?
Hein?