Ramon Alves de Oliveira
O segundo componente da definição contemporânea da Economia é a administração dos recursos escassos que está ligado ao problema econômico básico: a escassez. A economia só existe porque os recursos são escassos e, portanto, necessitam ser eficientemente administrados. Não confundam escassez com pobreza. A escassez é uma relação dos recursos disponíveis com os desejos; a pobreza é uma situação de discrepância distributiva proveniente de políticas econômicas empreendidas. Aqui vale um lembrete sobre a questão pobreza, já que se discute no País a implantação de um imposto específico para fazer frente a este sério problema: pobreza não é causa, mas sim efeito da falta de crescimento econômico e do baixo nível de educação que determina índices de produtividade muito baixos e, por conseguinte, patamares salariais reduzidos.
Os recursos são compostos por três grandes grupos: a terra, o capital e a mão-de-obra.
A terra deve ser entendida como, além de seu conceito natural de recurso para produção agrícola, também o espaço urbano e os minerais dela retirados. O capital não deve ser confundido com capital financeiro, do qual trataremos na 7ª lição, mas sim como o investimento realizado para produzir, expresso por prédios, máquinas, equipamentos, avanço tecnológico, educação, pesquisa ou qualquer outra possibilidade de produção efetiva de bens ou serviços. Já a mão-de-obra envolve, além das características pessoais, como espírito empreendedor, ser pro-ativo ou não, a educação que é o determinante dos níveis de produtividade. Se você adquire conhecimento, fatalmente, incorporará a sua forma de atuar técnicas mais eficientes de produção elevando o resultado de seu trabalho.
Este conjunto de recursos é que, através do ato de produzir, ou seja, transformá-los em bens e serviços, permite satisfazer às necessidades humanas. Entretanto estes componentes não existem em abundância. A terra cultivável ou aproveitável e seus recursos não são renováveis, o capital da mesma forma está limitado pela possibilidade de poupança, variável que é seu propulsor, e a mão-de-obra tem sua limitação por suas características pessoais ou educacionais que determinam até onde e de que forma ela está preparada para produzir.
NECESSIDADES SÃO ILIMITADAS
Em contraponto à escassez destes recursos, as necessidades humanas são ilimitadas. A questão inicial que abordamos na definição quanto ao fato de ser a Economia uma ciência social e, portanto evolutiva, está ligada a este componente. A sociedade, na sua evolução, faz nascer novas e constantes necessidades que se colocam diante de recursos não abundantes. O nosso padrão de consumo não é o mesmo que o de nossos pais, que tinham um padrão diferente de nossos avós. Há 20 anos atrás, a Internet, quem sabe, era apenas um sonho do meio acadêmico, onde nasceu. Não se imaginaria que esta poderosa ferramenta de comunicação fosse gerar a necessidade de se ter alguns bens e serviços ou possibilitar outros, como um provedor, uma linha telefônica exclusiva, um PC mais potente ou a possibilidade de se fazer um curso de extensão e, em breve, também de graduação, sem se deslocar. Estas necessidades foram criadas a partir desta nova tecnologia, mas só proliferam porque trazem às pessoas o que todas elas buscam e que é o objetivo principal da economia: o bem-estar social. Tal objetivo é atingido pela redução de custos proporcionada, permitindo maior acesso a bens e serviços que satisfazem os desejos do ser humano. O resultado proveniente da aplicação de nossos recursos, como, por exemplo, o salário que é a remuneração da aplicação do nosso recurso mão-de-obra, com a economia proporcionada pela realização do curso ou pelas outras possibilidades de não nos deslocarmos para efetivar negócios bancários ou compras, será melhor aproveitado através do deslocamento da parcela poupada para o atendimento de outras necessidades ou desejos, aumentando assim nosso nível de satisfação, ou ainda melhorando nossa qualidade de vida pela disponibilização de maior tempo de descanso ou lazer, ou seja, um nível maior de bem-estar.
Entretanto, ao optar pelo curso, ou qualquer outro bem ou serviço estaremos abrindo mão de algum outro bem ou serviço de que necessitávamos ou desejávamos.