Quero uma presidente

Jornal O Norte
Publicado em 16/05/2006 às 11:37.Atualizado em 15/11/2021 às 08:35.

Stefan Bogdan Salej *



O Brasil está em débito com o seu lado feminino, porque ainda não aprendeu a valorizar as mulheres e proporcionar a elas as chances que merecem. Nosso país nunca teve uma mulher na Presidência. Desde 1889, quando a República nasceu, o eleitor brasileiro nunca pôde sequer votar em uma candidata a presidente. Isso só vai acontecer na eleição deste ano, 117 anos depois, com a candidatura da brava senadora Heloísa Helena, dissidente do PT e fundadora do PSOL. O certo é que a República brasileira é ainda pobre em relação à participação feminina na condução dos seus destinos. Basta verificar que tem 26 estados, mais o Distrito Federal, e não mais do que duas governadoras: Rosinha Matheus, no Rio de Janeiro, e Vilma de Faria, no Rio Grande do Norte. Senadoras, o País tem nove entre os 81 integrantes da Casa, o que corresponde a apenas 11,1%. Na Câmara, o percentual é ainda menor, com 46 as deputadas federais entre os 513 membros. O Supremo Tribunal Federal tem apenas uma ministra entre seus 11 integrantes, a juíza Ellen Gracie. E dos 5.560 municípios brasileiros, apenas 418 são governados por mulheres, o que não dá 8% do total.



Eu fico pensando em quantas mulheres existem no Brasil com o perfil de uma rainha Vitória, uma Indira Gandhi, uma Golda Meir, uma Margaret Thatcher, uma Corazón Aquino ou uma Benazir Bhutto – esta a primeira mulher a governar um país de maioria muçulmana na História. Quem me diz que não existe por aí uma Mary Robinson, que foi sete anos presidente da Irlanda, ou uma Helen Clark, que governa a Nova Zelândia, ou uma Tarja Halonen, presidente da Finlândia?



Recentemente, Angela Merkel quebrou um tabu na austera Alemanha, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo de chanceler, que corresponde ao de primeira-ministra do País. Outro tabu quebrado, desta vez na África, foi a eleição de Ellen Johnson Sirleaf para presidente da Libéria, coisa que também nunca tinha ocorrido na história do continente.



E agora, aqui perto, Michelle Bachelet governa o Chile.



Não é de todo lamentável que no Brasil não tenhamos ainda uma participação mais intensa das mulheres na política e nos destinos da Nação. Afinal de contas, a capacidade e a força da mulher não se medem apenas por sua participação na administração pública. Inúmeras mulheres estão hoje galgando postos cada vez mais altos nas empresas, ou fundando e administrando com muita competência seus próprios negócios.



Mas, sinceramente: eu gostaria muito, muito mesmo, de ver uma mulher na presidência deste nosso Brasil. Competência, determinação e honestidade são características que não faltam para muitas delas.



* Empresário, ex presidente do Sebrae e da Fiemg

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