Quebrando o silêncio

Jornal O Norte
21/11/2005 às 11:14.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Adilson Cardoso

Nos idos dos anos 90, o MRTA - Movimento revolucionário Tupac Amaru, no Peru, fez como refém um embaixador japonês, em protesto contra a ditadura sanguinária de Alberto Fujimori. O movimento, que era de caráter político-social, exigia a liberdade de presos políticos que se levantaram contra o regime vigente; em troca seria solto o embaixador. Fracassaram. Os cães da ditadura assassinaram as vozes do povo.

O lema era Quebrando o silêncio tirando a mordaça! Para dizer ao mundo que ali havia um povo sendo dizimado lentamente sob o comando de um atroz alcunhado de presidente, que não permitia qualquer tipo de movimento contrário a suas brutais convicções. A pena poderia ser a vida! Vivemos graças à luta do nosso povo e à crença infalível nos nossos ideais, numa democracia às vezes um pouco aleijada, um pouco surda, um tanto cega, mas é a nossa democracia. Para tê-la, enfrentamos Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo, morremos em porões de celas frias, em piscinas de água fervendo, até amarrados com arame farpado, mas ressuscitamos, não foi no terceiro dia, mas 21 anos depois.

- Deixar de lado o platonismo e perguntar ao Dr. Athos até quando nós vamos assistir e compactuar com a desumanidade da Praça Dr. Carlos...

Iniciei minha crônica por esse passado, para lembrar a importância do povo que resiste, ao longo da história, aos camaradas da nossa Montes Claros, frondosa pequizeira, que é hora de quebrar o silêncio!  Deixar de lado o platonismo e perguntar ao Dr. Athos até quando nós vamos assistir e compactuar com a desumanidade da Praça Dr. Carlos, onde senhoras grávidas, idosos, crianças e deficientes ficam de pé, passando mal em intermináveis esperas para voltar a suas residências, enquanto nobres olhares em seus belos veículos desviam suas órbitas fingindo que está tudo bem.

- Ainda não se sabe se haverá licitação para a quebra do duo monopólio das empresas de ônibus que nos prestam esse sub-serviço

O povo quer falar com o companheiro Athos Avelino - se é que ainda tem essa liberdade de chamá-lo assim -, esse mesmo povo que fez Xap-Xap! arrastando chinela do São Geraldo ao Castelo Branco, do Village do Lago à Vila Oliveira, do Jardim Primavera à Vila Siom, por confiança e crença na humildade do político que andou a pé e se mostrou diferente dos que se apresentavam, e hoje o povo não sabe por onde sua excelência anda. Com certeza, em nenhum desses bairros.

Ainda não se sabe se haverá licitação para a quebra do duo monopólio das empresas de ônibus que nos prestam esse sub-serviço, pois ainda não houve pronunciamento a respeito. E a câmara municipal? Será que só o microfone da vereadora Fátima Pereira está plugado? Até agora só ouvimos sua voz dizer algo em nome do povo! Será que a onda de assaltos na qual se mergulhou Montes Claros roubou da câmara a foice e o martelo?

* Técnico em enfermagem

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