Que se cumpra a democracia

Jornal O Norte
Publicado em 12/06/2009 às 09:07.Atualizado em 15/11/2021 às 07:01.

Yago Cavalcante


 


“...essa suposição nos é passada provida de um sensacionalismo extremo, fomentado tanto por interesses oposicionistas, quanto pela imprensa mercenária.”



Já muito mais amiudadamente do que antes, nos deparamos com a hipótese do terceiro mandato do presidente Lula, que, segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, divide a opinião popular. Quase sempre de procedência midiática, essa suposição nos é passada provida de um sensacionalismo extremo, fomentado tanto por interesses oposicionistas, quanto pela imprensa mercenária. Face à plausível ceticidade dos brasileiros e, principalmente, daqueles antenados com o conspurcado panorama político, vale esclarecermos que a presente matéria não visa a sugerir qualquer candidato que seja para a presidência em 2011, mas sim, à fidedignidade à democracia. Portanto, o possível terceiro mandato deve ser interpretado, desde que diante admissão pública, como uma inovação democrática, visto que, dessa maneira, levar-se-ia em consideração o anseio do povo. Mas sejamos desimpedidos: estipulou-se um teto de 8 anos de governo; por que não 3, 10 ou 20 anos? Longas e aprofundadas análises constitucionais? Oxalá que não! Elas têm se mostrado bastante falhas, dados seus frequentes e banalizados descumprimentos.



Uma vez cientes da intempestiva burocracia brasileira, damos por certo que 8 anos de gestão são, de certo modo, fugazes para concretização de grandes projetos. Transformações substanciais em todo um país, sejam elas econômicas ou sociais, demandam um considerável intervalo de tempo. Além disso, é pertinente lembrar a velha política do “descontinuísmo” de projetos lançada mão por candidatos eleitos cujos partido ou ideologia se diferenciam daqueles do gestor antecedente.



É inquestionável também que o poder executivo nacional corrente se houve muito bem até então. É certo o crescimento significativo da classe média em revés à parcela populacional sob a linha de pobreza. A economia brasileira nos últimos anos apresentou um exímio crescimento, dados os vultosos investimentos externos no país e sua diferenciada resistência à hodierna recessão. Sendo assim, sabido o êxito deste governo, corroborado por sua alta aprovação popular, a impreterição em finalizá-lo se torna, de fato, incoerente.



Houve, ainda, quem associasse o prolongamento da gestão em vigor a uma medida chavista, em menção ao tirano presidente da Venezuela. No entanto, o sistema de governo, bem como a liberdade de expressão e a democracia em ambas as nações são incomparáveis, sendo essa correlação, por consequência, descabível e hipócrita. A saber, o Brasil é o terceiro país mais democrático do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.



No mais, se nossos dirigentes se dizem ferrenhos defensores da democracia, assiste a eles o dever de acatar a opinião pública, ainda que esta destoe propósitos oposicionistas e de cunho obviamente particular. Para tal, a mais conveniente das soluções para o dilema em questão seria a implementação de um plebiscito, por meio do qual elucidar-se-ia a vontade do povo.



Enfim, etimologicamente analisando, a palavra “democracia” é composta pelos elementos mórficos –demo e –cracia, sendo este relativo a governo e aquele, a povo, e não a imprensa ou oposição.

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