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Sexta-Feira,20 de Setembro

Quando eu morrer...

Jornal O Norte
05/11/2009 às 09:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:16

Antonio Jorge Rettenmaier


Escritor

Não quero choro nem vela,

Quero uma fita amarela,

Gravada com o nome dela...

Pois é... Sabem que a letra deste samba nos leva a ver a morte de uma forma leve e até mesmo divertida? Diria até que se pode ver romantismo na morte. Ou não?

Na certa quando escreveu esta letra Noel Rosa sabia que só bem depois de sua morte iriam falar bem dele, tanto que no final, sai com essa:

“Meus inimigos que hoje falam mal de mim,

vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim”.

E não é que ele tinha toda razão? Tinha e continua tendo. Todo mundo vira gente boa, depois de morto. Com exceção de alguns que recebem no cemitério a presença daqueles que querem ter certeza de que ele foi mesmo!

Mas voltando ao tema de romantismo da morte, na parte divertida tem aqueles que deixam atrás de si um rastro de risos e bom humor. Na sua morte, podemos até apostar que, muitos tem medo de que eles ainda sejam capazes de dar uma levantadinha para contar pelo menos uma última piada ou fazer deste ato sua última sacanagenzinha. Não seria uma forma leve, suave, de partir? Sabem que eu gostaria de ter uma assim?

Mas pensando no lado romântico, fico lembrando no Toninho com sua eterna mania de paixões e busca da mulher perfeita. Vou ficar atento e evitar que alguém ponha na fita amarela, o nome dela. Nenhum de nós sabe qual é esta ELA, ora! Imaginem a confusão se a gente colocar o nome errado na fita? No mínimo vamos arrumar uma saia super justa para nosso amigo falecido, e por isso mesmo, esta vontade dele não vamos ter como atender. Fita amarela, tudo bem. Mas nome dela, nem pensar! Até porque se enchermos a fita de nomes, poderemos acabar esquecendo justamente, o dela!

Pensando bem, eu não quero nem choro nem vela, e nem mesmo uma fita amarela.

Pelo sim, pelo não, prefiro mesmo é morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita do samba, pois tem épocas na vida da gente que se pensa que se vai morrer de amor, de paixão, de saudades, de tristeza, decepção.

Mas eu cheguei à conclusão de que a melhor maneira será mesmo poder morrer de alegria e felicidade. Seria esta a maneira mais fácil de sentir esta única e última doce emoção!

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