Qualidade do ensino

Jornal O Norte
Publicado em 29/05/2008 às 11:24.Atualizado em 15/11/2021 às 07:33.

Pedro Cardoso da Costa


Bacharel em Direito



Passam-se os anos, as décadas e as notícias e cenas de televisão parecem as mesmas sobre traficantes nos morros do Rio de Janeiro, meninos se drogando nas ruas, pessoas mortas nas enxurradas, barcos afundando matando aos montes no Norte, a morosidade inexplicável da Justiça, sem nenhuma punição para ninguém, e tantas outras. Quando esses fatos ocorrem, volta uma enxurrada de textos de autoridades constituídas e especialistas nos temas. Agora, voltou sobre a qualidade do ensino. As autoridades têm a obrigação de fazer, não fazem e ensinam como fazer. Os especialistas ensinam, mas suas teses ou não são eficazes ou não são aplicadas. Em dez, trinta, quarenta anos o assunto voltará com os mesmos problemas e as mesmas soluções.



Com nome pomposo, numa escala de zero a dez, o Índice de Desenvolvimento da Educação revelou que a qualidade do ensino no estado de São Paulo obteve média de 2,5 no ensino fundamental e 1,41 no médio. Três vezes essa nota derrubaria qualquer governo num país desenvolvido. Aqui as autoridades escrevem, falam, escrevem, falam e não passam disso.



Não custa acrescentar alguns diagnósticos para a melhoria da qualidade do ensino. Inicialmente, deve-se definir os parâmetros de conhecimento mínimo para cada série e etapa. O máximo ficaria por conta da capacidade individual.  O que seriam pessoas nota zero e o dez em conhecimento. Até por que o dez também pode não ser lá muita coisa para a qualidade de cidadão, gênero de qualidade de ensino.



Depois, oferecer preparação de conhecimento aos professores, já que a maioria não pode transmitir o que não tem.  Fornecer vídeos, aparelhos, e internet a todas as escolas para o cumprimento dessas metas. Ainda hoje, poucas escolas, bem raras, têm bibliotecas com um acervo suficiente e com material de qualificado para os alunos. Até mesmo as faculdades particulares. Sobra pessoal responsável para cuidar da educação. No Brasil existem, no mínimo. Um ministro, 27 secretários estaduais, centenas de assessores, e quase seis mil secretários municipais de educação.



Também seria elementar que as secretarias determinassem a leitura extracurricular mínima. Caberia aos professores exigirem que os alunos leiam. Em São Paulo, os alunos concluem o ensino médio sem ter lido um único livro de literatura; situação semelhante à maioria dos professores das zonas rurais do Nordeste. Como escrevi há pouco mais de um ano, a qualidade da educação brasileira não vai abaixo de zero porque não existe essa medida para a qualidade do ensino.



Os jornais poderiam criar seções que tratassem da educação. Além disso, deveriam ser menos teimosos e corrigissem erros simples nas suas matérias e alguns até nas próprias capas. Os mais comuns são do nome do mês escrito com letra maiúscula, primeiro (1º) de mês com um (01) e abreviatura de horas, que o h minúsculo fica entre as horas e minutos, 19h02min. Este, até o jornal O Globo traz a abreviatura de metro (m) por minuto, min.



Também é preciso verificar o conteúdo do que é ensinado. Como escreveu Stephen Kanitz na Veja de 7 de agosto de 2002: “aprendi nas aulas poucas coisas que uso até hoje. Teriam sido mais úteis aulas de culinária, nutrição e primeiros socorros do que latim, trigonometria e teoria dos conjuntos”.

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